segunda-feira, 21 de maio de 2007

Ser professor: um sacerdócio?


Ser professor, no atual quadro de descaso do Estado com a educação é, no mínimo, um ato heróico. Há uma desmotivação vinda de todos os lados. Não há vontade de se priorizar a educação. Os professores estão desmotivados face às condições das escolas, da infra-estrutura depredada, salários extremamente defasados e, por outro lado, alunos relapsos, rebeldes, também desmotivados, sem perspectivas de futuro.


Esse quase desabafo é uma triste constatação. Estou lecionando em uma escola estadual de Porto Alegre à noite, onde a desorganização é flagrante, mesmo que alguns professores e funcionários se esforcem para manter o nível, pois é uma luta desigual, onde a precariedade sempre é vencedora.


Como sabemos de longa data, a Geografia sempre foi relegada a um segundo plano. Mesmo sabendo-se que é com a Geografia que o Estado e os Governos planejam a ação sobre o espaço, sobre o território, sua importância no entendimento do mundo é essencial. Mas nessa escola, conseguiram fazer a proeza de dividir os dois períodos de 40 minutos da Geografia, em dois dias. Isto é, não de consegue trabalhar um único conteúdo, não há o mínimo de discussão em aula. Ainda para variar, um período ficou para o último horário de sexta-feira, adivinhem... Não fica ninguém para assistir o “palhaço” do professor que, prepara a aula, se desloca e perde seu tempo.


Na sexta passada, haviam quatro alunos em aula, sendo que desses quatro, dois pediam que eu desistisse de dar aula para eles, também, irem para casa, ou sei lá onde. Resultado, enrolei até onde deu para segura-los. Mas o pior é que, quando saímos, já não havia mais ninguém na escola, salas fechadas, diretoria fechada, em fim, ninguém tá aí para a educação dessas pessoas que, daqui apouco estarão enfrentando o mundo.


Mas vamos lá, ainda tenho esperanças de que, algum dentre esses meus alunos, consigam entender a importância, não somente da Geografia, mas a importância da escola. Tenho pena dos que acham que, a escola não passa de um ponto de encontro da “galera”.

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