terça-feira, 30 de outubro de 2012

Poderoso furacão Sandy toca solo na costa sul de Nova Jersey



furacão Sandy, uma das maiores tempestades da história dos Estados Unidos (leia AQUI e AQUI), tocou o solo com fortes ventos e chuvas torrenciais na noite desta segunda-feira perto de Atlantic City, em Nova Jersey, após paralisar transportes, provocar a desocupação de áreas alagáveis e interromper a campanha para a eleição presidencial da semana que vem.



O Centro Nacional de Furacões (CNF) afirmou que o Sandy chegou ao país como um "ciclone pós-tropical", o que significa que ainda tem ventos com força de furacão, mas que perdeu as características de uma tempestade tropical.

O fenômeno natural tocou o solo norte-americano ao sul de Atlantic City, 193 quilômetros a sudoeste de Manhattan, em Nova York. Tinha ventos sustentados de 129 quilômetros por hora, bem acima do limite de intensidade dos furacões.

Ventos fortes e inundações assolaram um trecho de centenas de quilômetros da costa atlântica norte-americana, e há previsão de nevascas fortes mais para o interior, em altitudes mais elevadas, conforme o centro da tempestade se mover para oeste.

A área pela qual o furacão deve passar inclui grande centros populacionais, como Nova York, Washington, Baltimore e Filadélfia.


Infrared image of Hurricane Sandy, another weather front to the west and cold air coming down from Canada at 2:17 p.m. EDT Oct. 29. The hurricane center is the darkest
A área azul é a representação da umidade contida no furacão Sandy,m um dos maiores da história dos EUA.


The Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer on NASA's Aqua satellite acquired this image of Hurricane Sandy at 2:20 p.m. EDT on October 29. Credit: NASA
E isso que o verão nem iniciou...

As imagens me lembraram daquele filme catastrófico, Um dia depois de amanhã, em que tem uma cena em que inúmeros furacões avançam sobre os EUA, causando destruição e mortes. A cada ano, me parece, que as previsões mais pessimistas estão a se confirmando.

O agravamento na quantidade e poder das tempestades ou das secas, causam mais mortes e prejuízos. Recentemente uma grande seca práticamente dizimou a produção de milho e outra culturas nos EUA, causando o aumento de até 80% do preço dos produtos agrícolas no mundo.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Vitória do PT na "fortaleza" tucana: A força do Lula.



Como já havia postado anteriormente AQUIl, o Serra tinha um índice descomunal de rejeição em São Paulo. Com uma campanha pautada pela agressão, o eleitor o ignorou e deu a vitória ao candidato o PT, Fernando Haddad.

Com esta retumbante vitória na "fortaleza" tucana, o PT, como já foi no primeiro turno, sai desta eleições como o maior vencedor.

Como dizem por aí: "vai secar a torneirinha do PSDB".

São Paulo tem um orçamento anual de R$ 42 bilhões e um PIB de R$ 550 bilhões, logicamente, muitos recursos "caem" no caixa do PSDB, o que viabiliza vários "mensalões" pagos a mídia (principalmente Folha de São Paulo, Estadão e Veja) para dar "força" ao partido, acobertar falcatruas e caluniar seus adversários.

Com a sêca de recursos que se aproxima, o PSDB perde força e pode vir a se transformar em um partido localizado, sem força nacional.

Ao contrário, o PT e o Lula, saem fortalecidos para 2014, na re-eleição da Dilma e, podendo até mesmo, se fizer um bom governo na capital paulista, colocar mais um "poste", quer dizer, um substituto para o atual governador de São Paulo, Geraldo Alkmin.

Como desdobramento do resultado destas eleições, o PSD do Kassab, abandona o PSDB e vai com tudo para a base aliada da Dilma, fortalecendo o Governo Federal.

Como disse o Lula: "De poste em poste, o PT vai iluminando o Brasil"

Bondinho do Rio celebra cem anos

Foto: Arquivo/Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar

O primeiro "bondinho" - que ganhou esse apelido dos cariocas em alusão aos bondes da rua - era de madeira. Comportava 22 pessoas, contra as 65 atuais. A manutenção dos cabos era feita por operários sobre o teleférico em movimento, como o homem que posa na foto. Foto: Arquivo/Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar

Das várias vezes que que fui ao Rio, em duas oportunidades fiz o passeio de Bondinho. Uma visão muito especial das belezas cariocas e uma tecnologia de ponta faz dele, um transporte muito seguro... não vai cais tão fácil. Na última vez que estive no Rio, fui a Paria Vermelha, onde fica a estação do Bondinho, mas "arrepiei" do preço: R$ 56. Como já sabia o que veria lá de cima, desisti.
 
Pois o tradicional bondinho do Rio de Janeiro (leia e veja as fotos AQUI), um dos mais célebres cartões postais do Brasil, celebra cem anos neste sábado.

Ao longo deste período, 40 milhões de pessoas puderam conferir as belezas do Rio, ao fazerem o percurso aéreo até o morro Pão de Açúcar.

Entre os visitantes ilustres que realizaram o trajeto figuram nomes como o presidente americano John F. Kennedy e o cientista alemão Albert Einstein.

A impressionante beleza do trajeto já inspirou até mesmo produções de Hollywood. O agente secreto 007 protagonizou uma fictícia luta à bordo do bondinho contra um terrível inimigo, no filme 007 Contra o Foguete da Morte.

A construção do bondinho foi um marco e ofereceu vários desafios. Para transportar o equipamento trazido da Alemanha foram contratados alipinistas.

Na época de sua construção, só havia outros dois teleféricos semelhantes no mundo, na Espanha e na Suíça e os primeiros bondinhos eram de madeira.

Os teleféricos atuais, de vidro e com laterais panorâmicas, só foram surgir em 1972. O modelo atualmente em vigor tem capacidade para 65 pessoas, contra 22 da antiga versão.

A Companhia Aérea do Pão de Açúcar planeja reformas no teleférico de cerca de R$ 4 milhões, mas estas só deverão ocorrer após a Copa do Mundo de 2014.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O eterno candidato Serra é rejtado por 52% dos eleitores em São Paulo



O Serra, como já disse Ciro Gomes, é um calhorda: "passa com um trator por cima da cabeça da sua mãe se for preciso" para se eleger. O eterno canditado do PSDB que de dois em dois anos concorre a uma eleição, se aliou ao que há de mais preconceituoso e conservador para fazer, sempre, uma campanha repleta de baixaria.

Mas o que ele, ao que parece, não sebe (ou não quer saber) é que este tipo de campanha não cola mais.

O povo está informado, tem discernimento, e não quer mais saber de fixicos, intrigas e agreções, quer propostas.

A dez dias do segundo turno das eleições municipais (leia AQUI), o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, abriu 17 pontos de vantagem em relação ao seu adversário, o tucano José Serra.

Pesquisa Datafolha finalizada ontem mostra Haddad com 49% das intenções de voto totais contra 32% de Serra. Brancos e nulos somam 10%. Outros 9% dizem que não sabem em quem votar.

Na conta dos votos válidos (sem brancos e nulos), Haddad tem 60%; Serra, 40%.

O levantamento mostra também que a rejeição ao nome de Serra disparou. Na última pesquisa feita pelo Datafolha antes do primeiro turno, nos dias 5 e 6 deste mês, 42% dos eleitores diziam que não votariam em Serra de jeito nenhum.

Agora são 52%.

Conquistar a cidade São Paulo, para o PT, se confirmarem as pesquisas, será uma grande virada. Com a saída do PSDB da capital paulista, vai estancar as torneiras e, consequentemente, vai detonar o PSDB paulista.   E o Lula se consagrará para sempre...

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Dilma veta ítens do Código Florestal que beneficiavam ruralistas


Brasília - A presidenta Dilma Rousseff (leia AQUI) decidiu vetar nove itens do Código Florestal aprovado pelo Congresso Nacional em setembro. O principal veto retira do texto a flexibilização que os parlamentares queriam para a recuperação de áreas de preservação permanente (APPs) nas margens de rios.

O governo vai devolver à lei, via decreto que será publicado amanhã (17), a chamada regra da “escadinha”, que prevê obrigações de recuperação maiores para grandes proprietários rurais. A “escadinha” determina que os produtores rurais terão que recompor entre 5 e 100 metros de vegetação nativa das APPs nas margens dos rios, dependendo do tamanho da propriedade e da largura dos rios que cortam os imóveis rurais. Quanto maior a propriedade, maiores as obrigações de recomposição.

A presidenta excluiu do texto o trecho incluído pelos parlamentares que permitiria a recuperação de 5 metros de APP em torno de rios intermitentes de até 2 metros de largura para qualquer tamanho de propriedade.

“Os vetos foram fundamentados naquilo que era o principio da edição da medida provisória, que significa não anistiar, não estimular desmatamentos ilegais e assegurar a justiça social, a inclusão social no campo em torno dos direitos dos pequenos agricultores”, explicou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que apresentou os vetos hoje (17) junto com o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.

Também foi vetada a possibilidade de recomposição de APPs com monocultura de espécies frutíferas exóticas, como laranja e maçã. “Não teremos áreas de pomar permanente, como diziam alguns”.

O decreto publicado hoje (18), no Diário Oficial da União, também trará a regulamentação do Programa de Regularização Ambiental (PRA) e do Cadastro Ambiental Rural (CAR), que suprirão os possíveis vácuos na lei deixados pelos vetos.

Segundo Izabella, mais instrumentos normativos serão necessários para regulamentar outros pontos do texto, que poderão ser decretos ou atos ministeriais. “Outros atos, não necessariamente decretos, serão necessários para regulamentação do código”.

Izabella disse que os vetos foram pontuais, apenas para recuperar os princípios que estavam na proposta original do governo.

Documento indica que Israel limitou número de calorias por palestino em Gaza














Dieta imposta por Israel ao palestinos em Gaza.

Desde a criação do Estado de Israel, após a adoção de uma resolução pela ONU em 29 de novembro de 1947, em território palestino, sempre estiveram em oposição os dois povos. Foi muito conveniente, para quem estava no poder mundial a época, pois após a II Gerra Mundial e a morte de milhões de judeus, existia um sentimento de comoção geral em favor dos judeus mas, a implantação imposta do território, resultou em sucessivas guerras e, muitas delas, veladas.

Em matéria divulgada hoje (leia AQUI) que, após uma batalha jurídica de mais de três anos, a organização de Direitos Humanos Gisha conseguiu acesso a um documento do Ministério da Defesa de Israel que detalha os limites para consumo de alimentos na região da Faixa de Gaza. Produzido em 2008 pela COGAT (Coordenadoria de Atividades do Governo no Território, na sigla em inglês), o relatório fixa um número específico de calorias supostamente suficiente para manter a população local viva.

Autoridades israelenses calcularam que, na média, um morador de Gaza precisaria de 2.279 calorias por dia para não sofrer de desnutrição. Isso, em tese, poderia ser obtido a partir de dois quilos diários de alimentos para cada pessoa, o que abria a prerrogativa para que Israel permitisse a entrada de apenas 2.500 toneladas de suprimentos na região. O dossiê também estabelece o número exato de caminhões que seriam necessários para cumprir com esse fornecimento (170,4), assim como limite máximo de cinco dias semanais nos quais o procedimento seria permitido.

O Ministério da Saúde chega a determinar que o peso das embalagens não poderia ultrapassar em 5% o volume de alimentos que carregava. A quantidade total de suprimentos leva em consideração “amostras” de alimentos para crianças com idade inferior a dois anos, o que acrescenta 34 toneladas na cota de fornecimento à população de Gaza.

O dossiê data de um contexto em que Israel enrijecia as restrições para entrada de pessoas e bens materiais em território palestino. Entre os itens fortemente barrados à época estavam principalmente matérias-primas e suprimentos alimentares. O rascunho das regras de nutrição ficou sob responsabilidade de oficiais do Ministério da Saúde, que se basearam “no consumo médio israelense ajustado para a cultura e a experiência” em Gaza.

Ao apelar à justiça local contra a decisão, o COGAT alegou que o documento era meramente “um rascunho”, que não traduzia “a política local israelense” e que nunca foi “efetivamente implementado”. Em entrevista ao jornal Haaretz nesta terça-feira (16), representantes do Ministério da Defesa garantiram que o COGAT jamais debateu o que classificam como “uma simples proposta”. A corte discordou desses argumentos e determinou a liberação dos documentos.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Lançamento na Feira do Livro: Paisagem, leituras, significados e transformações


A Editora da UFRGS estará lançando na Feira do Livro de 2012, o livro Paisagem, leituras, significados e transformações, onde eu participo com um artigo dessa produção coletiva.

No dia 11 de novembro, às 17 horas, acontecerá a sessão de autógrafos.

Meu artigo no livro:

A GEOGRAFIA E O ESTUDO DA PAISAGEM

INTRODUÇÃO

A paisagem, em uma definição mais abrangente, pode ser entendida como a composição de elementos da natureza no espaço, dentre os quais a fauna e a flora, o homem e as edificações que constrói com a sua ação no espaço geográfico. A Geografia enquanto ciência estuda a paisagem por deferentes vertentes do pensamento geográfico de distintas maneiras. Mas todas têm como consenso, que a paisagem, é a materialização resultante da interação do homem e os elementos da natureza.

A paisagem também pode ser tudo que pode se ver num lance de vista ou o “conjunto de componentes naturais ou não de um espaço externo que pode ser apreendido pelo olhar” (HOUAISS, 2001, p. 2105). A polissemia da paisagem traz consigo muitas definições. Entre estas, para Santos (2002), “a paisagem é o conjunto de formas que, num dado momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas reações localizadas entre homem e natureza”. Santos, aqui, agrega à paisagem o fator da temporalidade na sua constituição.

Assim, ao longo da história, as diferentes abordagens sobre paisagem tentam não somente descrevê-la enquanto conceito geográfico. A paisagem é diferenciada e compartimentada entre paisagem natural, que reflete a interação dos elementos naturais (relevo, vegetação, solo, rios, etc.) e paisagem cultural, como o resultado da ação do homem e da sociedade sobre a natureza, da qual resultam os espaços urbanos e rurais. Mas, também, a paisagem como objeto que pode ser sentida pelo homem, trazendo-lhe inúmeras sensações e sentimentos.

Berque (1998) afirma que a paisagem é uma marca, pois expressa uma civilização, mas é também uma matriz, porque participa dos esquemas de percepção, de concepção e de ação – ou seja, da cultura, que canaliza, em certo sentido, a relação de uma sociedade com o espaço e com a natureza e, portanto, corresponde a paisagem do ecúmeno.

Bertrand (1968), ao propor o estudo de Geografia Física Global, pensou a paisagem como "resultado sobre uma certa porção do espaço, da combinação dinâmica e, portanto, instável dos elementos físicos, biológicos e antrópicos, que, interagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável em contínua evolução". A paisagem também pode ser tida como a “configuração de símbolos e signos” (COSGROVE e JACKSON, 2003, p. 137), sendo que a “linha interpretativa da Geografia Cultural recente desenvolve a metáfora da paisagem como ’texto’, a ser lido como documento social”.

Dessa maneira, o estudo geográfico da paisagem apresenta dois enfoques principais. Um que a considera total e a identifica como o conjunto do meio, contemplando a este como indicador e síntese das inter-relações entre os elementos inertes: rocha, água e ar, e os vivos: plantas, animais e homem. E o outro, que considera a paisagem visual percebida como a expressão dos valores estéticos, plásticos e emocionais do meio.

A paisagem, em seu conjunto, reúne todos esses fatores, e aos quais se adiciona a possibilidade de valores expressivos e de significação cultural. Os mesmos podem compreender conteúdos estéticos e conotações significativas, constituindo-se como um tema de inspiração para o homem.

Ao tratar sobre a origem e a conformação do processo de produção de uma paisagem, seja ela natural ou cultural, intervém um conjunto de fatores geológicos, geográficos e biológicos, que não permitem analisá-la como ente independente do ser humano e sobre sua incidência no mesmo, posto que sua ideologia, desenvolvimento e cultura modificam em maior ou menor grau tais fatores. Essa correlação entre o homem e esses fatores daria lugar à história de uma paisagem. Não se pode realizar uma análise específica de um lugar sem considerar os aspectos gerais, que tornariam esse estudo mais completo.

Em “The Morphology of Landscape”, Sauer (1925) argumenta que a paisagem geográfica é formada pelo conjunto de formas naturais e culturais associadas a uma dada área e analisada morfologicamente, a integração das formas entre si e o caráter orgânico delas. Portanto, a paisagem cultural ou geográfica é uma resultante da ação, ao longo do tempo, da cultura sobre a paisagem natural. Sauer também considera que a “paisagem possui uma identidade, sustentada por uma constituição reconhecível, limites e uma relação com outras paisagens, para construir um sistema geral”.

O estudo da paisagem cultural proporciona uma base para a classificação regional, possibilita um insight sobre o papel do homem nas transformações geográficas e esclarece sobre certos aspectos da cultura e de comunidades culturais em si mesmas. Busca diferenças na paisagem que possam ser atribuídas a diferenças de conduta humana sob diferentes culturas, e procura desvios de condições “naturais” esperadas, causados pelo homem.

A paisagem cultural aborda a associação de características humanas, biológicas e físicas sobre a superfície da Terra (especialmente as que são visualmente perceptíveis), alteradas ou não pela ação humana. Como a paisagem, é considerada a materialização da ação humana no espaço, através da necessidade de adaptação à sobrevivência do homem na natureza, e, atualmente, a sociedade, de alguma maneira, está presente em quase toda a superfície terrestre, podemos dizer que, nessas circunstâncias, não mais existe uma paisagem natural. Haja vista que toda a paisagem, mesmo que aparentemente intocada, já perdeu a sua “naturalidade”, pois foi, segundo Santos (2002), coisificada. Mesmo que o homem não tenha nela colocado os seus pés, já lhe foi atribuído algum significado e, portanto, faz parte de uma cultura, até mesmo de uma cultura capitalista, na qual faz parte o “racionalismo econômico” (LEFF, 2006) a tudo dá valor. Assim sendo, mesmo de maneira genérica, poder-se-ia dizer que toda a paisagem é cultural, pois mesmo nos recantos intocados das florestas tropicais há a incidência dos valores sociais atribuídos pelo homem.

Tomando como base essas definições, podemos dizer que:

”[...] a paisagem que vemos hoje não será a que veremos amanhã e nem tão pouco é a que foi vista ontem, pois a paisagem é produzida e reproduzida no decorrer do tempo, através da ação do homem e da sociedade sobre o território, levando em conta que cada ator social tem seu tempo próprio no espaço. Assim, a paisagem é, por conseguinte objeto, concreto, material, físico e efetivo e é percebida através dos seus elementos, pelos nossos cinco sentidos, é sentida pelos homens afetivamente e culturalmente”. (BERINGUIER, 1991, p. 7)

A PAISAGEM COMO SUPORTE PARA A LEITURA DA PERCEPÇÃO

A percepção da paisagem tem como pressuposto que seja produzida segundo a cultura das pessoas que nela estão inseridas. Assim, não há como entender a paisagem sem levarmos em consideração os preceitos metodológicos e teóricos da Geografia Cultural.

A Geografia Cultural é tida como um ramo das ciências geográficas preocupado com a distribuição espacial das manifestações culturais, como: religiões, crenças, rituais, artes, formas de trabalho; enfim, tudo que é resultado de uma criação ou transformação do homem sobre a natureza ou das suas relações com o espaço, seja no planeta, em um continente, país, etc. Há exemplos dos estudos sobre: "espaço e religião; espaço e cultura popular; espaço e simbolismo; paisagem e cultura; percepção ambiental e cultural; espaço e simbolismo...” (CORRÊA, 1995, p. 03-11).

Atualmente, pode-se pensar na Geografia Cultural como aquela que considera os sentimentos e as idéias de um grupo ou povo sobre o espaço a partir da experiência vivida. Trata-se de uma geografia do lugar. Também pode ser considerada como a dimensão espacial da cultura. Tradicionalmente, desde o começo do século XX, essa dimensão espacial tem sido focalizada por intermédio de temas como os gêneros de vida, a paisagem cultural, as áreas culturais, a história da cultura no espaço e a ecologia cultural. Para Cosgrove (2003, p. 103) “a tarefa da Geografia Cultural é apreender e compreender a dimensão da interação humana com a Natureza e seu papel na ordenação do espaço”.

Como dito anteriormente, é impossível falar na Geografia Cultural sem citar Sauer ou a “Escola de Berkeley”, que denomina a corrente do pensamento geográfico fundamentado a partir de sua obra. A Geografia Cultural surgiu no início do século, na Alemanha: era a “Kulturlandschaft”. Na Geografia Cultural alemã, as paisagens correspondiam a um conhecimento específico, que servia para diferenciá-la das outras ciências.

Essa Geografia considerava a paisagem como uma unidade espacial definida em termos formais, funcionais e genéticos. A primeira obra teórica importante de Sauer foi The Morfology of Landscape. Neste importante trabalho, Sauer estabelece conceitos que fundamentaram a Geografia Cultural, principalmente a norte-americana, entre eles: a valorização da relação do homem com a paisagem (ambiente), que por ele é formatada e transformada em habitat; a análise dessa relação sempre é feita a partir da comparação com outras paisagens, formatadas organicamente, o que gera uma visão integral da paisagem que individualiza a Geografia enquanto disciplina.

Ao longo dos anos, outros conhecimentos vêm fazer parte da Geografia Cultural, enriquecendo as pesquisas geográficas que enfatizam a cultura como agente transformador do espaço. São incorporadas diversas referências teóricas e metodológicas, tais como os ramos da filosofia dos significados, da fenomenologia, do materialismo histórico e dialético e das humanidades em geral.



A esses aprofundamentos também são agregados à Geografia Cultural temas que não eram por ela tratados anteriormente. Nessa mudança, o conceito de cultura é repensado. A cultura não é mais vista como entidade supra-orgânica, nem como superestrutura. A cultura diz respeito às coisas do cotidiano, comuns, apreendidas na vida diária, na família, no trabalho e no ambiente local. As idéias, habilidades, linguagem, relações em geral, propósitos e significados comuns a um grupo social são elaborados e reelaborados a partir da experiência, contatos e descobertas – tudo isto é cultura.

A cultura pode ser vista, também, como o conjunto de manifestações humanas que contrastam com a natureza ou comportamento natural, a soma total dos modos de vida construídos por um grupo de seres humanos e transmitidos de uma geração para outra, ser considerada uma propriedade ou atributo inerente aos seres humanos, ou ainda ser meramente um artifício intelectual para generalizar convenientemente a respeito de atitudes e comportamentos humanos (WAGNER e MIKESELL, 2003).

A noção de cultura não considera indivíduos isolados ou as características pessoais que possam possuir, mas comunidades de pessoas que ocupam um espaço determinado, amplo e geralmente contínuo. Assim, a cultura está assentada em uma base geográfica. Dessa maneira, a Geografia Cultural é a aplicação da idéia de cultura aos problemas geográficos, os aspectos da Terra, em particular aqueles produzidos ou modificados pela ação do homem (sociedade). Distingue, descreve e classifica os complexos típicos de aspectos ambientais, incluindo aqueles realizados pelo homem, que coincidem com cada comunidade cultural, considerando-os como paisagens culturais e procurando origens na história cultural. Assim, a cultura ao produzir e reproduzir o espaço deixa a sua marca visível, o resultado material da interação do homem com o meio: a paisagem ou a paisagem cultural.

Qualquer cultura é limitada em sua capacidade de transformar o habitat por meio de conhecimento técnico, administração e organização institucional, preferências, proibições, etc. “O geógrafo cultural não está preocupado em explicar o funcionamento interno da cultura [...], mas avaliar o potencial técnico de comunidades humanas para usar e modificar seus habitats” (WAGNER e MIKESELL, 2003, p. 31).

As pesquisas em Geografia Cultural se dão através da investigação sobre a distribuição passada e presente de características da cultura, que constitui a base para o reconhecimento e as delimitações de áreas culturais. A área cultural implica uma uniformidade relativa ao invés de absoluta. A similaridade cultural relativa aparece em diferentes graus, desde a identidade virtual de atitudes e aptidões em num pequeno território até semelhanças gerais ou ampla disseminação de características individuais ou elementos da cultura em grandes áreas (WAGNER e MIKESELL, 2003, p. 32). Em termos geográficos, uma área cultural pode constituir uma região, forma uma unidade definível no espaço, caracterizada pela relativa homogeneidade interna com referência a certos critérios. A associação típica de características geográficas concretas numa região ou em qualquer outra subdivisão espacial da superfície terrestre pode ser descrita como paisagem.

A paisagem, em seu conjunto, reúne esses fatores e adiciona à possibilidade de valores expressivos e de significação cultural, os mesmos podem compreender conteúdos estéticos e conotações significativas, havendo se constituído como um tema de inspiração para o homem.

Para Nassauer (1995), a cultura e a paisagem interagem em uma constante realimentação, na qual a cultura estrutura as paisagens e as paisagens incorporam a cultura. Há, por conseguinte, um feedback, em que a percepção do meio, através dos filtros da cultura, determina valores paisagísticos que são atribuídos a uma paisagem, que, por sua vez, podem ser modificados se houver uma mudança na paisagem. Essa dinâmica a ajuda explicar a estrutura da paisagem de duas maneiras: primeiro como um efeito da cultura, segundo como um produto das mudanças culturais.

Toda a paisagem somente é paisagem, quando é vista, sentida e percebida. Não podemos lembrar ou descrever alguma paisagem que nunca tenhamos visto, mesmo por intermédio de algum artifício (filme, fotografia, desenho, pintura, etc.). Então, a paisagem somente existe na relação do homem com o meio. E essa relação é sempre repleta de significados que são influenciados pela cultura de um determinado lugar e seu povo. Nesse caso, os estudos da paisagem como texto podem descrever os significados da ação humana sobre o processo histórico de sua formação e sua percepção..

Pode-se comparar a percepção da paisagem a um sistema de “filtros” e relacionar esses filtros como se fossem a lente de uma câmara fotográfica. Tenta mostrar que a significação individual da paisagem depende de múltiplos fatores, dentre eles estão os culturais (figura 1)

Figura 1: Les représentations mentales en géographie. Fonte: Paulet, J. P. (2002). Paris, Anthropos, p. 8. (adaptado da internet: www.geoeco.ulg.ac.be/lmg/articles/paysage/cdrom-paysage/filtres.htm).

Cada indivíduo tem a sua concepção a respeito da paisagem e, sendo o indivíduo parte de uma sociedade que tem sua cultura distinta, cada cultura tem, então, o seu ideal de paisagem. E essa paisagem vai também refletir esse ideal, que juntamente com outros fatores vão influenciar na percepção da paisagem. Assim, qualquer estudo dessa natureza que não inclua a questão cultural em sua análise poderá resultar incompleto, sem um componente indispensável: o homem e a sua ação no espaço.

Assim, é importante que se inclua nesses estudos da interação homem/meio, sociedade/natureza, o estudo das paisagens culturais, pois essas consideram não apenas os atores, mas também as ações que elaboraram e continuam a elaborar as paisagens (WAGNER e MIKESELL, 2003, p. 46).

Hoje em dia, não se pode negar a relação entre cultura e urbano. Mas, nem sempre foi assim, pois até, ao final da década de 1960, não era esse o “objeto” de estudo dos geógrafos, que se debruçavam sobre as pesquisas relacionadas ao urbano. Somente a partir do início dos anos 70, começa a se entender essa imbricação. Segundo Corrêa (2003, p. 167),

“o urbano pode ser analisado sobre diversas dimensões que se interpenetram. A dimensão cultural é uma delas. Por seu intermédio amplia-se a compreensão da sociedade em termos econômicos, sociais e políticos, assim como se tornam inteligíveis as espacialidades e temporalidades expressas na cidade, na rede urbana e no processo urbano”.

Sendo assim, os geógrafos passaram a perceber a dimensão cultural do urbano, em que essa relação passa a ser mais valorizada e problematizada, coincidindo com “as transformações em curso na sociedade, que se torna mais urbana e multicultural [...]” (CORRÊA, 2003, p. 168).

O urbano está repleto de significações culturais, desde a forma de organização e de uso do solo, nas suas materialidades, que são expressas em suas construções (ruas, casas, avenidas, edifícios, praças, parques, monumentos, etc.) ou nas suas relações econômicas e sociais, redes técnicas e informacionais (SANTOS, 2002, p. 263). Pode-se dizer também que a cidade abriga atualmente um contigente majoritário da população, e os interesses individuais são contraditórios. No espaço urbano, os diferentes interesses, relacionados à ocupação e uso do solo, estão repletos dessas contradições (CARLOS, 2005, p. 42). Santos (2002 p. 78) diz que “através do trabalho, o homem exerce a ação sobre a natureza, isto é, sobre o meio, ele muda a si mesmo, sua natureza intima, ao mesmo tempo em que modifica a natureza externa”. E como a paisagem é a materialização do processo relacional homem/meio, a paisagem urbana tem, sem dúvidas, esse significado.

Corrêa (2002, p. 175) diz que, mesmo não se encerrando as possibilidades temáticas, as relações entre cultura e urbano podem se manifestar de diferentes modos. Mas ele relaciona aqui três dessas manifestações. Primeiro, a toponímia e identidade que, segundo Corrêa, “constitui-se em relevante marca cultural e expressa uma efetiva apropriação do espaço por um dado grupo cultural” (p. 176). Segundo, a cidade e a produção de formas simbólicas, “sendo que, em parte, por meio das formas simbólicas é que a cidade expressa uma dada cultura e realiza o seu papel de transformação cultural” (p. 177). E, em terceiro, a paisagem urbana e seus significados, sendo esta que “constitui-se em importante temática, tendo atraído a atenção dos geógrafos [...]” (p. 179).

Até a década se 1960, o foco central dos estudos da paisagem estava na sua morfologia, sendo a contribuição de Sauer, em seu artigo, já referido, The Morfology of Landscape, uma das mais importantes nesse sentido. A partir do final da década de 1970, Corrêa (2003, p. 179) sublinha que diversos autores, entre eles Meinig (1979), introduzem, nos estudos da paisagem, a interpretação. Assim, pode-se dizer que, a paisagem urbana é um campo rico para a interpretação, permitindo “múltiplas leituras a partir de diversos contextos históricos-culturais, envolvendo diferenças sociais, poder, crenças e valores”. Portanto, a paisagem urbana é repleta de signos e símbolos, e seus significados podem ter inúmeros sentidos.

Partindo-se do pressuposto que a paisagem urbana é o produto e a materialização do trabalho social, ela está profundamente impregnada de relações sociais e conflitos (CORRÊA, 2003, p. 181), e é constantemente ressignificada, para que possa viabilizar a circulação do capital. Na paisagem urbana, evidenciado, dessa forma, um valor simbólico, “repositório de símbolos de classes sociais e de herança étnica”. Essa dialética está presente nas diferenças das paisagens urbanas, tanto internamente, nas zonas residenciais populares e de classes mais abastadas, “que se justapõem, superpõem, contrapõem no uso da cidade” (SANTOS, 2002, p. 326), quanto externamente, nas diferenças entre as cidades.

Assim, os diferentes grupos sociais, que ocupam áreas distintas das cidades e/ou cidades diferentes, irão produzir, de acordo com o seu modo de vida e de ocupação do solo, diferentes formas e diferentes paisagens no espaço urbano. Essas diferentes paisagens serão percebidas de inúmeras maneiras e com distintos significados, pois cada indivíduo “enxerga” a paisagem através dos seus “filtros”, dentre os quais o filtro da cultura.

A ÁGUA NA PAISAGEM URBANA

Nas áreas urbanas, a percepção da água na paisagem tende a ser mais intuitiva e/ou subjetiva, pois o processo de urbanização que ocorre na maioria das cidades brasileiras e no mundo tratou de canalizar e esconder os cursos d’água, que geralmente servirão para escoar o esgoto de seus moradores e das indústrias ali instaladas. E, ao adotar a premissa de que as paisagens urbanas se formam a partir das relações entre as pessoas, o território e os processos naturais, podemos dizer que são paisagens culturais, transformando-se no tempo e no espaço. Essa transformação tende, em muitos casos, a não levar em consideração a relação homem/natureza. Para Costa (2002), “tem-se que destacar a importância do design paisagístico , da percepção e acessibilidade pública aos seus rios”. A acessibilidade também pode ser obtida através da visibilidade da paisagem, pois, como esta autora, acreditamos que o acesso visual propicia um comportamento ambientalmente responsável em relação à água no espaço urbano.

Nas cidades, devido à efetiva impermeabilização dos solos pela ocupação imobiliária, pelas vias de transporte e pelo material utilizado nas canalizações, há pouca ou nenhuma realimentação do lençol freático e dos cursos d’água pela chuva, transformando-os exclusivamente em redes de esgotos. No atual processo de urbanização, a característica natural da rede de drenagem é totalmente modificada, assim como a vegetação natural é degradada ou suprimida, o relevo alterado e, até mesmo, a relação do homem com o seu meio sofre influência desse processo.

Somente nas periferias das cidades é que ainda existem redes de drenagem não canalizadas. Mas, nesses locais, os pequenos cursos d’água, sofrem com o despejo contínuo de esgotos e lixo, decorrentes da “quase total inexistência de uma política de uso e ocupação do solo” (RANGEL, 2002, p. 20).

Nas periferias das cidades, onde ocorre a expansão urbana, esta se dá, em grande parte, em áreas impróprias ou de forma inadequada, tendo-se como conseqüência inúmeros problemas ao meio físico, à própria população assentada e aos poderes públicos responsáveis pelos serviços de infra-estrutura nessas áreas.

Tem-se como premissa a ser estudada que as populações desses locais dificilmente percebem os problemas ambientais de onde vivem e não têm consciência de que são responsáveis por esse ambiente, pois estão demasiadamente envolvidas na sua própria subsistência. Essas populações sofrem com a degradação ambiental, mas já estão “acostumadas” ao lugar. A sua paisagem já foi totalmente modificada. O solo, a vegetação e, principalmente, a água já estão seriamente comprometidos.

É preciso entender como se dá o processo de percepção da paisagem pelas populações locais e, principalmente, a percepção da água na paisagem. É importante entender como os diversos grupos sociais a percebem e como é a sua relação com os conflitos inseridos no seu espaço. Pois, para se efetuar qualquer estudo geográfico a respeito da percepção da paisagem, visando a implementação de medidas mitigadoras ou de reorganização do espaço urbano e de ocupação territorial, tem-se que entender como é que as pessoas sentem e entendem o lugar em que vivem, se esperam alguma mudança e quais as mudanças que querem que sejam implementadas para melhorar a sua qualidade de vida.

Não se pode tratar dos impactos ambientais relacionados a qualidade dos recursos hídricos em áreas urbanas de forma isolada. A comunidade científica tem por cacoete compartimentar o estudo da água. No entanto, “a água precisa ser pensada enquanto inscrição da sociedade na natureza, com todas as contradições implicadas no processo de apropriação da natureza pelos homens e mulheres por meio das relações sociais e de poder” (PORTO-GONÇALVES, 2004, p.152). Segundo este autor, “o ciclo da água não é externo à sociedade ele a contém com todas as suas contradições”.

O presente processo de intensificação da urbanização da sociedade afeta cada vez mais os corpos d’água e a sua qualidade, assim como implica uma maior demanda por água. Essa contradição é motivo de conflitos de uso. A final, “um habitante urbano consome em média três vezes mais água do que um habitante rural” (p.153). Outro ponto a ser destacado é que a água está sendo trazida de mananciais cada vez mais distantes, pois as fontes para o abastecimento nos grandes centros estão inviabilizadas pela crescente poluição.

Mas, como se pode, através do estudo da percepção da paisagem, saber que um dos seus elementos, nesse caso a água, está degradado? E como é que a população pode, através de sua percepção, propor melhorias na qualidade do espaço urbano e da água na paisagem?

Propõe-se então, como referencial para os estudos que pretendam avaliar a percepção da água na paisagem urbana, a comparação entre a percepção da paisagem e da água na paisagem pela população local, com as análises físico-químicas dos cursos d’água. Desta maneira, pode-se saber como está a saúde da rede hídrica na realidade e, de outra forma, como é percebida esta realidade pela população. Assim então, a partir dessa comparação, se terá subsídios para futuras intervenções na paisagem urbana, que tenham o objetivo qualifica-la, assim como qualificar as paisagens onde a água está inserida.

E, tendo como o objetivo central da pesquisa, a qualificação da paisagem urbana, considerando a água inserida nesta paisagem



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CORRÊA, R. L. e ROSENDAHL, Z. (1995) Espaço e Cultura. Rio de Janeiro: ed.uerj/ NEPEC. p.

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HUOAISS. A. (2007). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva. 3008 p.

LEFF, H. (2006) Racionalidade ambiental: a reapropriação social da natureza. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 555 p.

NASSAUER, J. I. (1995). Culture and changing landscape estructure. In: Landscape Ecology v. 10 n. 4 p. 229-237, Amsterdam: SPB Academic Publishing bv.

SANTOS, M. (2002). A natureza do espaço: Técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Edusp. 384 p.

WAGNER, P. e MIKESELL, M. (2003). Temas em geografia cultural. In: Introdução à Geografia Cultural. CORRÊA, R. L. e ROSENDAHL, Z. (Orgs.) Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 224 p.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Com a reeleição, Fortunati vai ampliar o processo de privatização dos espaços públicos?


Após a reeleição do prefeito Fortunati em Porto Alegre (leia AQUI), reabre-se um amplo e profícuo caminho a outras privatizações, que já vem ocorrendo, dos espaços públicos da capital do RS. A grandes corporações, entre elas as transnacionais Coca e Pepsi, de olho na visibilidade da Copa de 2014, seguem "investindo" na cidade.

Espaços tradicionais são entregues em troca de meia dúzia de "melhorias" e, em contra-partida, elas podem explorar estes espaços. No Largo Glênio Peres, por exemplo, tradicionais eventos que ali aconteciam, perderam espaço por determinação da Coca-Cola. Agora, somente os evenotos que a empresa promove e... ponto final.

O poder público se omite da gestão do espaço público que, naturalmente, é de propriedade da população.

O cartunista Kaiser pegou bem a idéia. 

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

E por falar em eleições: Chávez é reeleito na Venezuela.



Com 95,58% dos votos apurados, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi reeleito com a preferência de 54,84% dos venezuelanos. Seu principal adversário, Henrique Capriles, tem 44,55% até o momento. O anúncio foi feito pela presidente do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), Tibisay Lucena, que também informou que mais de 80% da população compareceu às urnas, mesmo sem a obrigatoriedade do voto no país.

Segundo os dados divulgados pelo órgão, o presidente venezuelano recebeu 7,4 milhões de votos em comparação a 6,1 milhões de Capriles. Apesar da ampla vitória, Chávez já recebeu maior apoio dos eleitores em pleitos passados como, por exemplo, em 2006, quando obteve 62% dos votos frente a 36% de seu opositor, Manuel Rosales.

Leia a matéria completa AQUI

Lula, o cara do Barack Obama, sai da eleições 2012 como maior liderança política do Brasil

: SÃO PAULO, SP - 05.10.2012: ELEIÇÕES 2012/HADDAD/LULA/SP - Fernando Haddad, candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, recebe apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em comício na praça da Sé, centro da capital paulista, no início da tarde desta

O ex presidente do PFL, atual DEM, e ex-senador Jorge Bornhausen (SC) afirmou em público, lá no auge do "mensalão" em 2005: “Vamos acabar com essa raça (o PT).Vamos nos ver livres dessa raça (o PT) por pelo menos 30 anos”, referindo-se aos petistas.

Pois é, ao contrário do que previa Bornhausen, o Patrido dos Trabalhadores segue crescendo em todo o Brasil.

Como já havia dito no post aí em baixo, o pardido não foi só mais votado no Rio Grande do Sul, mas tembém o mais votado em todo o Brasil, com 17,25 milhões contra 16,65 milhões do PMDB, o segundo mais votado. Estes dois partidos representam os maiores partidos da base do Governo Dilma.

E aí está, queiram ou não a elite e os conservadores, uma maiúscula vitória de um grande lider, um operário sem curso superior e que não fala inglês, Luis Inácio Lula da Silva. Ele, mesmo depois de lutar contra um câncer, contra o PIG (Partido da Imprensa Golpista), contra o STF e o "mensalão", encara de frente seus adversários e consegue, na maior cidade do País, colocar no segundo turno, o seu candidato, Fernando Haddad que, em dezembro de 2011, era um completo desconhecido. 

É preciso refrescar a memória (leia AQUI) com outra informação que aponta para Lula como, inconteste, a maior liderança política do País. Quando ele chegou à Presidência da República, em 2002, seu partido tinha cerca de uma centena de prefeituras. Agora, essa base está multiplicada por seis, chegando a perto de 650 cidades administradas pelo partido. O índice pessoal de popularidade do presidente é maior até mesmo que o da presidente Dilma Roussef, uma recordista de aprovações.

Na véspera das eleições de domingo, Lula foi direto ao ponto teclado com insistência por seus críticos, em cima do palanque de Marinho em São Bernardo. "Tem muita gente que a vida inteira torce para o fim do PT e o que vai acontecer é que o PT vai sair mais forte dessas eleições do que entrou, em todas as regiões", disse. "Mas o PT sairá fortalecido aqui no ABC e no Brasil", acrescentou Lula. "Tenho certeza de que será a legenda mais votada no Brasil inteiro, porque é muito boa". Sempre fiel a seu jeitão, ele previu a superação, por Haddad, de sua primeira prova de fogo. "Se tem um candidato que vai para o segundo turno é o Haddad, agora, quem vai com ele eu não sei", afirmou. Errou? Não. Erraram os que duvidaram, com desdém, do grande vitorioso das eleições municipais de 2012: Lula.

O PT nas eleições 2012 em Porto Alegre: Uma derrota anunciada.

Sou militante (e somente um militante) do Partido dos Trabalhadores e não poder decisório. Sempre participo das campanhas eleitorais, mesmo que não ostensivamente, mas faço a minha parte. Mas ao contrário dos úlimos 20 anos, praticamente fiquei de fora da campanha da disputa pela prefeitura da minha querida Porto Alegre neste ano.

Quais as razões?

Não são muitas, mas são o suficiente para determinar de eu somente ficar assistindo o que já estava definido desde o princípio do processo: uma derrota acachapante.

Primeiro a decisão de ir com anditatura própria, defendida pelo Deputado Raul Pont, e aprovada equivocadamente pelo partido, dado as circunstâncias e, depois de aprovada, a indicação do também deputado, Adão Villaverde para a disputa. Villaverde é um grande petista, mas sem carisma e merecia algo melhor e não uma "fuga" da quase totalidade das lideranças partidárias e, é óbio, da militância, envolvida nas atividades nos governos estadual e federal.

Segundo, a falta de um dircurso de oposição contra os adversários, Fortunati e Manuela que, também, fazem parte da base aliada dos governos estadual e federal. A "oposição" do PT nestas eleições se resumiu a alguns pontos... só. Então, com um discurso semelhante dos partidos melhor colocados nas pesquisas, os eleitores pensam, deixa quem já está lá... o Fortunati.

Terceiro, ficou bem claro, a falta de recursos para a campanha do Villaverde que, como se é de esperar, vão em sua totalidade para quem está no poder. A candidatura Fortunati teve muito dinheiro e, muito mais do que isso, a máquina pública, as obras eleitoreiras, os seus militantes em cargos de comissão e a benevolência da mídia. E isso não é choro, é constatação. Eleição é isso mesmo.

Em fim, diminuiu o PT na Câmara de Porto Alegre e diminuiu o próprio partido que governou a capital por 16 anos.

Tenho grandes restrições ao governo Fortunati, principalmente por suas posições e ações na gestão do espaço urbano, com a privatização dos espaços públicos, com a suas ações de desmobilização da participação popular e, principalmente, como ele se auto denominou "Prefeito da Copa", faz de tudo e mais um pouco para que, os grandes, ganhem cada vêz mais.

Por outro lado (leia AQUI), com 1.446.655 votos, o Partido dos Trabalhadores foi o que mais recebeu votos em todo o Rio Grande do Sul nas Eleições 2012. Ainda assim, ficou em terceiro lugar no ranking de prefeituras, com 72 candidatos eleitos. O PT ficou atrás do PP, que, em primeiro no ranking, elegeu 136 prefeitos — e teve um total de 998.359 votos. O PMDB, que somou 1.054.538 votos, ficou na segunda colocação na quantidade de prefeitos eleitos, com 132.

Mas, como diriam, a vida continua e é uma eleição após a outra, umas se ganham, outras se perdem...

Faz parte da democracia.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A crise do capitalismo: Mais de 500 famílias são despejadas por dia na Espanha

Soraya Urbano Oviedo e os filhos (foto: Liana Aguiar/BBC Brasil))
Após ficar sem-teto, Soraya Urbano (foto) ocupou apartamento com a família; 6 milhões de moradias estariam vazias no país.

Um dos maiores geógrafos da atualidade, David Harvey, recentemente lançou o livro O enígma do capital e as crises do capitalismo, editado no Brasil pela Editora Boitempo (AQUI). Ele nos revala com uma lucidêz que chega a doer, como se dá a acumulação e como as crises sustentam a acumulação e o capitalismo, em detrimento das pessoas e dos estados nacionais.

Em um trexo do seu livro, Harvey diz que “O capital é o sangue que flui através do corpo político de todas as sociedades que chamamos de capitalistas, espalhando-se, às vezes como um filete e outras vezes como uma inundação, em cada canto e recanto do mundo habitado. É graças a esse fluxo que nós, que vivemos no capitalismo, adquirimos nosso pão de cada dia, assim como nossas casas, carros, telefones celulares, camisas, sapatos e todos os outros bens necessários para garantir nossa vida no dia a dia. A riqueza a partir da qual muitos dos serviços que nos apoiam, entretêm, educam, ressuscitam ou purificam são fornecidos é criada por meio desses fluxos. Ao tributar esse fluxo os Estados aumentam seu poder, sua força militar e sua capacidade de assegurar um padrão de vida adequado a seus cidadãos. Se interrompemos, retardamos ou, pior, suspendemos o fluxo, deparamo-nos com uma crise do capitalismo em que o cotidiano não pode mais continuar no estilo a que estamos acostumados.”

Desde 2008, a crise, vêm fazendo com que o modo de vida de milhões de pessoas se transforme radicalmente. A título de  austeridade, para atender o receituário neoliberal do Fundo Monetário Internacional, os estados nacionais, retiram direitos conquistados e já consagrados e interrompem investimentos sociais. Com a falta de recursos, principalmente os mais pobres e/ou vulneráveis cidadãos, veem-se alijados de uma vida que já estavam acostumados a ter.

Desde 2008 na Espanha (leia AQUI), já foram quase 400 mil execuções hipotecárias. Somente no primeiro trimestre deste ano, o Conselho Geral do Poder Judiciário (CGPJ), órgão do governo, registrou 46.559 despejos. Por dia, 517 famílias foram despejadas suas casas por inadimplência.

A Plataforma dos Afetados pela Hipoteca (PAH), entidade criada para chamar atenção para o problema, estima que, neste ritmo, o país terminará 2012 com mais de 180 mil famílias despejadas.

Ada Colau, ativista do direito à moradia e uma das fundadoras da PAH, critica que a legislação ampare as entidades bancárias, mas não os cidadãos que perdem o emprego e não podem pagar o empréstimo.

Ela afirma que, na época do boom imobiliário, o governo "facilitou o crédito de maneira irresponsável" e, agora, anuncia cortes em gastos com educação e saúde, enquanto resgata a entidades bancárias.

Notem que a matéria da BBC, mostra o corte dos fluxos de capital pelos estados nacionais mas, por outro lado, corre para socorrer os capitalistas que, como sempre, vão "faturar" com ou sem crise.

E o pior é que, a crise, está longe de terminar.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Racismo na TV: Sim ou Não? Ou como ridicularizar a mulher negra e pobre.

O ator Rodrigo Sant'anna no papel de Adelaide, do "Zorra Total"

A TV Globo, aos sábados a noite, em horário nobre, leva ao ar um programa "humorístico" completamente sem graça, o Zorra total. Este programa, nada mais faz do que axincalhar personalidades e, também, as pessoas do povo. Como seu diretor mais poderoso, Ali Kamel, que já escreveu um dia o livro intitulado “Não somos racistas – Uma reação aos que querem nos transformar em uma nação bicolor” (leia AQUI), não vê problema algum na criação de estereótipos ridicularizando o negro(a), sempre como sendo pobre, feio e ignorante e, neste caso, mulher.

Pois a personagem Adelaide (leia AQUI) , interpretada pelo ator Rodrigo Sant'Anna no programa da Rede Globo, é uma mulher negra e pobre, que circula pelo corredor do metrô com seu "tablet", pedindo "50 centarru, 25 centarru, dez centarru" aos passageiros, vem causando forte reação da sociedade. Para viver a personagem, cujo bordão é "a cara da riqueza", o humorista escurece a pele com maquiagem. Ele também usa um nariz falso e uma prótese na boca sem os dentes da frente.

ONGs e espectadores denunciaram o programa à Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, alegando que o personagem apresenta "estereótipos racistas". As acusações foram levadas à 19ª Promotoria de Investigação Penal, do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, que está investigando o caso.

A mobilização, que começou de forma dispersa na internet, ganhou força depois que Humberto Adami, diretor do Iara (Instituto de Advocacia Racial e Ambiental, o mesmo que propôs ações contra a adoção de "Caçadas de Pedrinho" e "Negrinha", de Monteiro Lobato, em que supostamente havia racismo), levantou a questão em seu blog. "A quem o personagem faz rir? Àqueles que não se comovem com o sofrimento e a luta das mulheres negras brasileiras. E que ainda lhe imputam a responsabilidade pela situação de descuido", questionou o advogado em post publicado no fim de julho.

Pois então eu pergunto, isso é ou não é racismo na TV?

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Desemprego na zona do euro atinge recorde em agosto: E ainda não chegamos ao fundo do poço

Tenho falado seguidamente sobre a crise do capitalismo globalizado e suas consequências na vida das pessoas, na nossa vida. Vivemos em uma crescente onda de efeiros devastadores desta crise, que teve seu início em 2008, com a falência do banco de investimentos Lehman Brothers Holdings Inc.

A conhecida Crise dos Subprimes levou consigo muita gente e, também, os ideais do neoliberalismo, iniciados lá nos anos 1980, na Inglaterra, pela então ministra Margaret Thatcher e que retirou dos trabalhadores suas conquistas históricas, com as privatizações e a flexibilização das relações de trabalho.

De 2008 até hoje, a crise somente se fez agravar. Muitos outros bancos, firmas, corporações e, em última instância, estados nacionais, ao fundo do poço. A crise atinge em cheio a Zona do Euro. Países de "primeiro mundo" hoje vivem afundados do desemprego e na desesperança.

A crise, assim, parece que está longe de um final, pois em matéria divilgada AQUIAQUI e AQUI, número de pessoas sem emprego na zona do euro totalizou 18,196 milhões em agosto, o equivalente a um aumento de 34 mil em relação a julho, segundo a Agência de Estatísticas da União Europeia (Eurostat). O número marcou o nível mais alto de desempregados, desde que os dados começaram a ser contabilizados em janeiro de 1995. A leitura deixa a taxa de desemprego na região em 11,4%, inalterada em relação ao mês anterior. O número de desempregados ficou em linha com as previsões dos analistas entrevistados pela Dow Jones. Na Espanha, a taxa de desemprego chaga a 25%, levando a população às ruas em intermináveis protestos.

Mas ainda não chegamos ao fundo do poço. Toda a ganância e irresponsabilidade dos senhores do mercado, somente agrava a situação das pessoas que, vêem sua vida se desmoronar diante da crise.

Mas uma coisa podemos dizer: os ricos, contunuam ricos...

Os pobres... cada vêz mais pobres...