quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Jogo de empurra: Recorde de emissões testará conferência do clima em Durban


Uma nova rodada de negociações climáticas, sob o guarda-chuva da ONU, começa na próxima segunda-feira (28), na África do Sul (leia AQUI), tendo como pano de fundo o anúncio de emissões recorde de gases estufa em 2010 e a frustração que tem marcado a busca de soluções em acordos mundiais para a crise do clima.

Às vésperas do encontro de 12 dias em Durban, que termina em 9 de dezembro, a OMM (Organização Meteorológica Mundial) anunciou que o dióxido de carbono (CO2), um dos gases que causam o efeito estufa, atingiu um novo recorde em 2010.

"Mesmo se conseguíssemos cortar pela metade nossas emissões atuais --e este não é o caso, de longe--, elas permaneceriam na atmosfera por décadas e, assim, continuariam a afetar o delicado equilíbrio do nosso planeta e do nosso clima", afirmou o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud.

Segundo analistas, a ONU ainda está sob o impacto da conturbada Cúpula de Copenhague, em 2009, e que Durban pode se tornar o cenário de disputas sobre o Protocolo de Kyoto, o único acordo a estabelecer controles legais de gases de efeito estufa.

Mas na realidade o que acontece é um verdadeiro jogo de empurra, pois sem o comprometimento dos países com as maiores emissões de CO² como Estados Unidos, Índia e China, os acordos não têm eficácia na redução. Pois os demais países, sem o comprometimento dos grandes, também não se comprometem com os tratados já firmados.

Canadá, Japão e Rússia já se recusaram a assinar o tratado por um segundo período de compromisso, alegando falta de vínculos legais para os maiores emissores de carbono do planeta.

A Europa acena com uma continuidade, desde que China e Estados Unidos aceitem fazer parte de um acordo "global e abrangente".

Para alguns analistas, fazer com que Kyoto fique obsoleto aumentaria as chances de um acordo global.

"Embora o protocolo continue sendo uma marca importante do multilateralismo, tornou-se, na realidade, mais um impedimento do que um processo genuíno", escreveu Elliot Diringer, do "thin tank" americano Centro para o Clima e Soluções Energéticas, na edição da semana passada da revista "Nature".

Outros temem que deixar Kyoto cair no limbo possa ser politicamente devastador.

Na realidade, o que está ocorrendo, é que as grandes corporações nã querem reduzir seus lucros. Uma redução das emissões implica dna diminuição da atividade econômica mundial. Não se pode pensar em reduzir o aquecimento global, sem a mudança de paradigma. Nosso modelo de desenvolvimento está fadado ao fracasso ambiental. Estamos todos a mercê do que querem as grandes corporações que, sem dúvidas, estão na cúpula dos governos. 

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