sexta-feira, 23 de março de 2007


Aproveitando o ocorrido que comentei abaixo, sobre a desocupação do prédio invadido na área centra de Porto Alegre, gostaria de tecer um breve comentário, para pensarmos.
Aqui no centro da cidade, nos lugares onde andei, as opiniões se dividem, é óbvio imperando sempre uma visão burguesa. Mas deixando isso de lado, o que vi é que há muita desinformação ou, má informação. Pois a mídia sempre tratou esse tipo de assunto, resguardando o interesse do seu patrão –o capital.

É prudente lembrar, antes de alguém emitir alguma opinião sobre o ocorrido que, no modelo capitalista em que vivemos, as grandes incorporadoras e construtoras, estão voltadas para a construção de imóveis de alto padrão, para os mais abonados (por lucrarem mais), deixando de lado os imóveis de baixo custo (menor lucratividade). Desde a extinção do BNH, a classe pobre e os operários, se vêem forçados em, com suas próprias forças, “arrumar” um lugar para morar. Vão rumo às periferias das grandes cidades, ocupam áreas impróprias, organizam-se em cooperativas, em fim, fazem de tudo para terem um teto.

Bom, quando estão lá na periferia ou num buraco qualquer, ninguém se importa, é só não ir lá e não ver. Mas quando é em uma área nobre, lá vem o incômodo, a lei a polícia e aí, todo mundo “prá” rua. Azar, ninguém mandou invadir. Não importa quem são e quais os motivos que levaram essas pessoas ao desespero de chegar ao ponto de invadir um prédio para morar.

São muitos os paradoxos, um País pobre, em que a construção civil é voltada para os ricos. Financiamento só para que tem dinheiro e assim por diante. Assistimos, nos últimos trinta anos, o crescimento desordenado das cidades e, com ele, o agravamento as desigualdades. É muito fácil criticar a ação feita pelos movimentos sociais dentro de uma boa casa, com ar condicionado, um bom carro na garagem, um emprego estável mas, e as pessoas sem oportunidades? Criadas em meio a miséria e o descaso. Sem saúde e sem educação, sobrevivendo em lugares insalubres, onde o Estado só chega quando vem a polícia.

Façamos uma reflexão. Onde está a solidariedade? A que ponto do egoísmo chegamos? Isso tudo me lembra aquela música do Legião Urbana (que falta faz o Renato Russo), Teatro dos Vampiros, em que ele canta: Este é o nosso mundo: o que é demais nunca é o bastante...


O que queremos para o nosso Mundo?

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