Aniversário de Porto Alegre, comemorar o quê?
Hoje, dia 26 de março, se comemora os 235 anos da “mui leal e valorosa” Porto Alegre. Como se diz, sou porto-alegrense da gema, nascido na Beneficência Portuguesa e batizado na Igreja da N.S. da Conceição, há 50 anos. Cresci com a cidade. Naquela época uma cidade acanhada mas agradável. Anos dourados do pós-guerra, os bondes, os autos de praça, o footing da Rua da Praia, as matinês do Cine Rio Branco. Vi as transformações urbanas ocorridas ao longo dos anos, como o aterro do Guaíba, o Túnel da Conceição, o Parque Marinha do Brasil, as avenidas perimetrais, em fim, a construção de uma grande cidade.
Mas as mudanças não foram somente “as boas”. Vivemos em uma cidade com graves problemas sociais, que cresceram junto com Porto Alegre.
Já passei por várias administrações, das que me lembro, estão as da época da ditadura, onde os prefeitos eram os indicados pela ARENA, entre essas estão as dos prefeitos Célio Marques Fernandes, Thompsom Flores e do Villela. Depois muitos outros, já eleitos pelo voto. O mais polêmico, o Collares. Após, as quatro legislaturas do PT, que imprimiram uma marca progressista à capital gaúcha. O Orçamento Participativo, a Administração Popular, voltada às camadas mais necessitadas da população. A regularização de lotes, construção de casas aos mais pobres e o Fórum Social Mundial e a projeção internacional.
Hoje, vejo uma cidade triste. Mesmo com inúmeras comemorações programadas pela Prefeitura, acho que não temos muito a comemorar. A cidade está jogada às traças. Está suja. Com um crescente contingente de moradores de rua. Programas sociais extintos. Coleta seletiva do centro paralisada. Os equipamentos públicos sem manutenção. Os “azulzinhos” multando sem parar. E o José “gasparzinho” Fogaça, o prefeito virtual entregando aos empresários o Araújo Viana, e o que der.
É, comemorar o quê? Uma cidade em que o prefeito se vangloria de superávit de 93 milhões de Reais, mas deixa a cidade suja, entregue à própria sorte. Veremos o que vai acontecer no ano que vem, o Fogaça já se lançou à reeleição e nós, vamos deixar assim?
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