Credibilidade, cara de pau e dívida: O neoliberalismo destruindo a vida.
Li um artigo no Estadão, de um liberal, Paul Krugman (leia AQUI) em que ele mostra o que está por trás da crise norte-americana, envolvendo a decisão da Standard & Poor’s, a agência de classificação de crédito (leia AQUI sobre a ira provocada pelas decisões destas agências sobre os Estados Nacionais), de rebaixar a nota dos títulos da dívida americana.
Ele diz que "é preciso ter em mente duas ideias aparentemente (mas não de fato) contraditórias. A primeira é que os Estados Unidos não são mais o país estável e confiável de antes. A segunda é que a própria S&P goza de credibilidade ainda menor; é o último lugar de onde alguém deveria esperar avaliações sobre as perspectivas do país".
Estas agências, é óbivio, estão a serviço dos capitalistas e grandes investidores e, naturalmente, das corporações transnacionais. Ele inicia sua análise dizendo que não há qualquer credibilidade nesta decisão da S&P. "Se há uma expressão que descreve a decisão da agência de classificação de crédito de rebaixar a nota dos EUA, esta é a cara de pau – definida pelo exemplo do jovem que mata os pais e então implora por clemência alegando ser um órfão".
A crise americana atual, vem de sde 2008, se arrastando, em virtude do imenso déficit orçamentário dos EUA é em grande parte resultado de um declínio econômico que se seguiu à crise financeira de 2008. "E a S&P, juntamente com as demais agências de classificação de crédito, desempenhou papel importantíssimo na precipitação dessa crise, concedendo notas AAA a ativos lastreados em hipotecas que desde então se transformaram em lixo tóxico", disse Krugman
Pois num episódio agora famoso, a S&P concedeu ao Lehman Brothers, cujo colapso deu início a um pânico global, uma nota A até o mês da sua quebra. E qual foi a reação da agência depois que esta empresa foi à falência? Ora, a S&P publicou um relatório negando ter feito qualquer coisa de errado.
E são estas as pessoas que agora dão sua eminente opinião sobre a credibilidade dos Estados Unidos?
Mas a coisa não para por aí. "Antes de rebaixar a nota da dívida americana, a S&P enviou ao Tesouro dos EUA um rascunho do seu comunicado à imprensa. Os funcionários americanos logo repararam num erro de US$ 2 trilhões nos cálculos, algo que qualquer especialista em orçamento teria calculado corretamente. Depois de certo debate, a S&P reconheceu o erro e rebaixou a nota mesmo assim".
Na realidade, estas agências, deveriam cuidar de sua própria solvência, elas levam em conta somente o lado monetário da realidade (não muito real, mais virtual) pois o humano, o social, não interessa, isso não gera lucro ou poder.
"Assim, não há motivo para levar a sério o rebaixamento da nota da dívida americana na sexta feira. Estamos falando das últimas pessoas de quem deveríamos aceitar conselhos".
Na parte final do seu artigo, o autor fala que, esses problemas, "estão pouco relacionados com a aritmética orçamentária de curto e mesmo médio prazos. Ora, não é a matemática orçamentária que está fazendo com que os EUA pareçam pouco confiáveis, e sim a política".
E o que mais me chamou a atenção neste artigo, escrito por um liberal, em um jornal liberal de direita é que ele diz: "por favor, não comecemos com as declarações habituais que responsabilizam ambos os lados. Nossos problemas são causados por um único lado – mais especificamente, são provocados pela ascensão de uma direita extremista que prefere criar crises a ceder um único centímetro nas suas exigências".
E para finalizar seu artigo Krugman diz que, "mantidas as políticas atuais, uma população de idade cada vez mais avançada e o custo cada vez mais alto do sistema de saúde acabarão fazendo com que os gastos aumentem mais do que as receitas. Mas os EUA apresentam um gasto com a saúde muito maior do que o de outros países avançados, e sua carga tributária é considerada muito pequena comparada aos padrões internacionais. Se pudéssemos ao menos nos aproximar um pouco mais daquilo que é internacionalmente considerado normal para esses dois dados, nossos problemas orçamentários seriam solucionados.
E o que nos impede de fazer isso? O problema é que temos neste país um poderoso movimento político que preferiu correr o risco de uma catástrofe financeira em vez de concordar em aceitar um aumento nos impostos cobrados, por menor que fosse.
Mesmo em termos fiscais, o verdadeiro problema dos EUA não é se o país conseguirá cortar do déficit um trilhão aqui ou acolá. A questão é saber se os extremistas que agora bloqueiam todo tipo de medida política razoável podem ser derrotados.
Então, dito isso por um liberal, criticando a direita (extrema), a não cobrança de impostos justos, que mantenha em funcionamento a vida, se pode ver a dimensão da derocada do neoliberalismo que deixa que a especulação financeira se sobreponha a vida.
Vejo ainda que, a direita, os "articulistas" do PIG (Partido da Imprensa Golpista) falam da crise que se avoluma no mundo, mas descolada da agenda neoliberal imposta a aprtir da década de 1990.
A falácia de que o deus mercado regula tudo, se mostrou uma grande mentira.
E durma-se com um barulho desses.
Um comentário:
O problema é que eles nunca dizem quem controla o Deus Mercado!!!!!!
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