segunda-feira, 18 de julho de 2011

Capitalizar os lucros e socializar os prejuízos: A lógica insaciável dos capitalistas.


Os juros dos títulos da dívida da Grécia, Itália e Espanha atingiram novos recordes nesta segunda-feira desde a criação da zona do euro.

Diante das dúvidas sobre uma solução para a crise da dívida na região (leia AQUI), os títulos com vencimento de 10 anos -- considerados uma referência -- chegaram a 17,72% no caso grego, 6,25% os espanhóis e 5,90% os italianos.

Os juros recordes sinalizam desconfiança dos investidores e aumento da percepção de risco de calote.

Outra notícia desta segunda-feira dá conta que o principal índice das ações europeias (leia AQUI) caiu para o menor nível em quatro meses nesta segunda-feira, puxado pelas ações de bancos em meio ao temor de que a reunião desta semana na zona do euro não alcance um acordo para um segundo pacote de ajuda à Grécia.


O mercado também teme que o resultado dos testes de estresse em bancos europeus, divulgado na última sexta-feira, não seja realista.



O índice FTSEurofirst 300 caiu 1,59%, para 1.069 pontos. O índice STOXX Europe 600 das ações de bancos caiu 3,1%, com perda acumulada de 27,6% desde meados de fevereiro.

Editorial da Carta Maior desta segunda, dia 18 de julho AQUI.

 A contagem regressiva para a oficialização do calote grego apertou o passo nas últimas horas. Nesta manhã de segunda-feira, os credores precificam esse desfecho impondo spreads cada vez mais elevados à Italia e Espanha na negociação de títulos das respectivas dívidas. O movimento em direção ao abismo é autopropelido: a ante-sala do ‘default' grego acelera a fuga dos investidores em relação a economias fragilizadas, caso da italiana , portuguesa, espanhola, irlandesa .

Na inútil tentativa de deter a manada, os Tesouros cedem e se enforcam numa espiral de juros insuportável. Na quinta-feira, a comissão europeia reúne-se em Bruxelas. Tangidas pela fuga de capitais que contagia as finanças públicas em toda a zona do euro, as autoridades vão (?) bater o martelo sobre a melhor forma de deter esse ciclo de ferro. Já se admite que se ela existe, não é a dos planos de ajuste inviáveis qe se tentou impor à sociedade grega.

Se o povo não pode e resiste em pagar a conta sozinho, quem vai rachar a fatura?

A Alemanha pretende que os bancos privados assumam uma parte desse esfarelamento de ativos. O ortodoxo BC e a associação dos bancos europeus resistem: querem que o dinheiro público metabolize integralmente o ‘beiço' grego. Significa sacrificar receita fiscal já insuficiente para comprar a dívida pelo valor de face, poupando-se os detentores privados de qualquer perda. Em resumo: os mercados lucram na alta do ciclo especulativo e saem da festa sem pagar a conta quando começa o quebra-quebra. O Brasil conhece esse espírito insaciável.

O país já paga taxas de juros reais equivalentes à remuneração especulativa extraída da Itália e da Espanha, superior a 6%. Mas o bumbo midiático demotucano abre a semana em plena campanha por uma nova alta da Selic. A intenção é extrair um novo degrau de 0,25%, que poderá jogar o juro básico a 12,5%. Os jornais avisam que o escalpo é 'consenso entre os analistas dos mercados'. O 'consenso' será discutido na reunião do Copom desta 4ºfeira.

E assim o mundo iniciou a semana... uma segunda-feira complicada para os europeus.


Sem falar nos Estados Unidos, é claro. Pois vejam só que, em maio (leia AQUI), a China comprou o equivalente a US$ 7,3 bilhões em títulos, aumentando para US$ 1,16 trilhão o volume de títulos da dívida dos EUA nas mãos do governo chinês. Foi o segundo mês seguido de aumento, depois de cinco meses seguidos em que a China reduziu as aplicações de suas reservas em papéis americanos.

"Esperamos que o governo americano adote políticas e medidas responsáveis para garantir os interesses dos investidores", disse Hong Lei, porta-voz do Ministério do Exterior da China, depois de a agência de classificação de risco Moody's alertar que iria reduzir a nota de risco americana para "default" se o teto da dívida não for elevado até 2 de agosto.

Será somente mais uma crise cíclica do capitalismo?

Ou o seu colápso, previsto por Carl Marx a mais de 150 anos atrás?

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