quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Mais sobre o ENEM e a democratização do acesso à Universidade: Pobre tem direito a estar lá

Recebi de um seguidor deste blog algumas considerações sobre o ENEM que eu gostaria aqui de comentar a respeito.

Eu trabalho a dez anos com Educação Popular em um projeto chamado Pré Vestibular Popular, em Porto alegre (veja AQUI). Este projeto foi criado para suprir, de certa forma, a carência dos alunos de escolas públicas, que não tem como cursar um dos vários "cursinhos" tradicionais de Porto Alegre.

Em 2000, quando iniciamos nosso trabalho, ainda estava longe as políticas afirmativas (cotas sociais e raciais) assim como o PróUni, que destina bolsas de estudos a alunos carentes em universidades particulares. Também não havia o ENEM, que, aos poucos vai sendo introduzido no sistema de ensuno brasileiro.

Hoje, nosso projeto está sedimentado e cumprindo seu papel de ajudar os estudantes de baixa renda a terem iguais condições de competir por uma vaga na Universidade em relação aos alunos oriundos de escolas particulares. Mas hoje, já enfrentamos os problemas dessa nova realidade: preparar professores e alunos em relação a esta nova forma de ingresso nas universidades, o ENEM.

Sei que há problemas práticos e metodológicos na implementação das provas do ENEM. Por ser uma prova de caráter nacional, é de difícil operacionalização, dadas a dimensões continentais do Brasil. Fiscais mal preparados, falhas na impressão e na distribuição, problemas de segurança, erros, acontecem e um universo de 4,6 milhões de provas impressas e distribuidas para todo o país.

É o segundo ano de aplicação do ENEN como mecanismo de avaliação e acesso de alunos nas universidade brasileiras e, quero crer, que com a prática, os problemas tendem a zerar, ou perto disso. Sei que os problemas ocorrido nestes dois anos, serão estudados para que não ocorram novamente. É algo novo, e como tudo que não se tem conhecimento, pode gerar erros.

Agora, por outro lado, não se pode desmoralizar um processo por estes erros. 20.000 provas, num universo de 4,6 milhões, com problemas, não quer dizer que a proposta não é válida, como querem fazer crêr aqueles que são contra a democratização do acesso à Universidade.

Quanto ao conteúdo, pelo que eu ve nas provas, lí a respeito e ouvi dos alunos do projeto, eles são até mais complexos do que o Vestibular tradicional, pois buscam a aplicação do conhecimento adquirido aao longo da vida escolar, em situações reais, como no caso da questão do Volei, onde um candidato desatento, terá uma interpretação errõnea e, consequentemente, a utilização de conhecimetos que não têm relação com a questão.

De qualquer forma o ENEN veio para ficar e nós, professores, temos de ter a sensibilidade de ver que este processo é novo e será, com certeza, aperfeiçoado. O que não se pode é deixar as coisas como eram, onde as Universidades Públicas eram ferquentadas, majoritariamente, pelos não-pobres. Nada contra estes, mas...

O ENEN é a democratização do ingresso a Universidade Pública, gratuita e de qualidade.

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