Civilização ou barbárie... O que se quer para o Brasil?
Ficou notório nestas eleições que, a elite, principalmete a paulista, tendo o resultado das eleições apontado a Dilma como presidenta do Brasil, apostou na desqualificação dos "outros" e, consequentemente, a desqualificação do voto. Sim, pois com a universalização do voto, o meu, o seu, o de um caboclo ou de um figurão, têm o mesmo valor.
Antes, quando o voto do povo servia para, à cabresto, eleger o "coroné", este voto não era questionado. Mas quando o povo mais humilde e necessitado, começou a ser atendido pelo Estado, estas amarras que o prendiam a seus algozes, os "coroné", foram rompidas. Como vimos após o resultado do segundo turno, houve a revolta da elite, estampada nacionalmete com a estudante de direito (onde mesmo essa moça estuda?) Mayara que jogou seu ódio e preconceito na rede.
Este comportamento não está somente no Brasil. O mundo está cheio de exemplos de intolerância e ódio contra o "outro", o diferente, o que não é igual a mim. Sarkozy expulsou os ciganos da França. EUA caçam mexicanos. Judeus sitiam palestinos em Gaza e assim por diante.
Para ir além, publico aqui o artigo do Emir Sader que trata de forma objetiva este assunto, vale apena ler:
Esse é o lema predominante no capitalismo contemporâneo. Universalizado a partir da Europa ocidental, o capitalismo desqualificou a todas outras civilizações como ‘bárbaras”. A ponto que, como denuncia em um livro fundamental, Orientalismo, Edward Said, o Ocidente forjou uma noção de Oriente, que amalgama tudo o que não é Ocidente: mundo árabe, japonês, chinês, indiano, africano, etc. etc. Fizeram Ocidente sinônimo de civilização e Oriente, o resto, idêntico a barbárie.
No cinema, na literatura, nos discursos, civilização é identificada com a civilização da Europa ocidental – a que se acrescentou a dos EUA posteriormente. Brancos, cristãos, anglo-saxões, protestantes – sinônimo de civilizados. Foram o eixo da colonização da periferia, a quem queriam trazer sua “civilização”. Foram colonizadores e imperialistas.
Os EUA se encarregaram de globalizar a visão racista do mundo, através de Hollywood. Os filmes de far west contavam como gesto de civilização as campanhas de extermínio das populações nativas nos EUA, em que o cow boy era chamado de “mocinho” e, automaticamente, os indígenas eram “bandidos, gestos que tiveram em John Wayne o “americano indômito”, na realidade a expressão do massacre das populações originárias.
Os filmes de guerra foram sempre contra outras etnias: asiáticos, árabes, negros, latinos. O país que protagonizou o mais massacre do século passado – a Alemanha nazista -, com o holocausto de judeus, comunistas, ciganos, foi sempre poupada pelos nortemamericanos, porque são iguais a eles – brancos, anglo-saxões, capitalistas, protestantes. O único grande filme sobre o nazismo foi feito pelo britânico Charles Chaplin – O grande ditador -, que teve que sair dos EUA antes mesmo do filme estrear, pelo clima insuportável que criaram contra ele.
Os países que supostamente encarnavam a “civilização” se engalfinharam nas duas guerras mundiais do século XX, pela repartição das colônias – do mundo bárbaro – entre si, em selvagens guerras interimperialistas.
Essa ideologia foi importada pela direita paulista, aquela que se expressou no “A questão social é questão de polícia”, do Washington Luis – como o FHC, carioca importado pela elite paulista -, derrubada pelo Getúlio e que passou a representar o anti-getulismo na politica brasileira. Tentaram retomar o poder em 1932 – como bem caracterizou o Lula, nada de revolução, um golpe, uma tentativa de contrarrevolução -, perderam e foram sucessivamente derrotados nas eleições de 1945, 1950, 1955. Quando ganharam, foi apelando para uma figura caricata de moralista, Jânio, que não durou meses na presidência.
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