quinta-feira, 26 de maio de 2011

O deus GOOGLE: Onipresente, oniciente, onipotente... mas não benevolente.

Especialista critica a 'googalização' do mundo, a onipresença e a onipotência da empresa que criou o serviço
Eu sempre brinco com meus alunos e colegas que nós temos as verdadeiras provas de que existe um deus (com minúscula mesmo)... que é o deus Google. Quem fez como eu, catequese quando era criança, que é aquele curso religioso para se poder tomar a Primeira Comunhão na relgião Católica, aprendeu que Deus está em todo o lugar, sabe tudo e vê tudo... Além de ser justo e benevolente.

Pois é, o Google é tudo isso, menos benevolente, pois a gente nunca sabe quais são as verdadeiras intenções desta grande e importante empresa ao nos apresentar aquela lista, quando perguntamos algo no seu campo de pesquisa: porquê esta lista e porquê a ordem dos resultados. Também sabemos que, nem tudo que aparece na lista é o que diz ser. O bem e o mal!

Devemos ser críticos quanto aos resultados obtidos e, mais ainda, checar todas as informações em outra fontes, os livros por exemplo.

Pois agora está sendo lençado nos Estados Unidos (leia AQUI) o livro The Googlization of Everything - And why we should worry (A Googalização de Tudo - E por que devemos nos preocupar), escrito por Siva Vaidhyanathan, de 45 anos, especialista em história cultural e professor da Universidade de Virgínia, EUA.

Vaidhyanathan define-se como um dos primeiros usuários do site e teve a ideia do livro depois que soube de um plano do Google de digitalizar bibliotecas universitárias.

"Parecia muito controle para uma empresa só. Fiquei preocupado e resolvi investigar a companhia e a nossa relação com ela."

Em entrevista à Folha de São Paulo, ele fala como o Google é onipresente, onipotente e onisciente "mas isso não faz com que seja benevolente".

Folha - Vivemos em um mundo "googalizado", além de globalizado?

Siva Vaidhyanathan - Sim, as duas coisas. A tecnologia é parte da cultura, ela nos influencia da mesma forma que nós a influenciamos. E o Google é mundial. Ainda não é universal, mas está a caminho de ser.

Qual a consequência dessa "googalização"?

Cada vez mais, o Google muda a forma como vemos o mundo e como julgamos a informação. Para muitos, o site é fundamental para tomar decisões e muitos dependem dele para isso. Mais do que isso: o Google gere a nossa reputação. Ele gerencia as fontes de informação que encontramos. E as formas de comércio.

E revolucionou a internet?

Certamente. Antes do Google, a World Wide Web, que era apenas uma função da internet entre muitas outras, era incontrolável. Era difícil de navegar e, muitas vezes, desagradável. O Google fez da web um meio razoável e organizado. Ele deixou a minha vida e a vida de muitas pessoas mais fácil.

Isso não é positivo?

Pode ser. É uma boa empresa e faz um bom trabalho. Mas é uma empresa. Não devemos adorá-la só porque faz um bom trabalho. Devemos respeitá-la, mas não adorá-la. E o que ela fez de positivo no passado não determina necessariamente o que vai acontecer no futuro.

Mas adoramos o Google?

Existe uma certa mística em torno dele. As pessoas usam o site sem saber como ele funciona e sem questionar os resultados. A maioria o usa cegamente.

Por isso você fala em desmistificação?

As pessoas precisam perceber que o Google é falível, porque é uma empresa, construída e dirigida por seres humanos. E deve lucrar. Esse é o primeiro objetivo. Nós cometemos um grande erro ao esquecermos isso e confiarmos cegamente. O Google fez muitas coisas boas para o mundo, mas isso é uma feliz coincidência.

Então como devemos usá-lo?

Quanto melhor entendermos como ele funciona, melhor poderemos corrigir a tendência que ele tem de nos dar respostas rasas, resultados rápidos que são projetados para ajudar a consumir coisas em vez de entender coisas. O Google é bom para uma pesquisa rápida, perguntas triviais. Não é bom para a profundidade, questões complexas, como debates científicos ou políticos.

Você acha que as pessoas deveriam parar de usar o site?

Elas podem fazer várias buscas diferentes. E devem começar a procurar e conhecer serviços que atendam necessidades específicas, como pesquisa científica ou dúvidas em saúde. E podemos voltar a usar as bibliotecas públicas regularmente. Profissionais treinados ainda são o melhor jeito de encontrar informações úteis sobre assuntos complexos.

Como você vê o futuro do Google e da internet?

A internet certamente mudou nossas vidas quase que instantaneamente. Mas nós podemos perder a liberdade e a abertura que ela nos permite se não lutarmos para preservá-la. Há governos e empresas que gostariam de controlá-la. Uma saída é termos alternativas múltiplas de pesquisa e esforços do governo para sistemas de informações claros e abertos.

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THE GOOGLIZATION OF EVERYTHING
AUTOR: Siva Vaidhyanathan
EDITORA: University of California
PREÇO: R$ 61,72; 296 págs.
ONDE ENCONTRAR: Em inglês, no site Livraria Cultura e na Amazon (versão impressa e para Kindle) 

2 comentários:

Anônimo disse...

direitos autorais nao eh seu forte neh

Mario Rangel disse...

O comentário inicial é meu sim e o "cliping" da matéria e a fonte estão bem identificados, é só clicar no (leia AQUI) e verás que é da Folha de São Paulo.

Se tomares o cuidado de ler BEM, em todos os posts que repasso aqui, é indicada a fonte.

Mas de qaulquer maneira, valeu a lembrança.

Da próxima vez que comentares aqui, poderias falar sobre o que está escrito, não é?

Abraço