quarta-feira, 25 de maio de 2011

Dia da Mata Atlântica dia 27 de maio: Um bioma arrasado mas magnífico.

27 de maio é uma data especial: é o Dia da Mata Atlântica, um dos oito biomas brasileiros, protegido pela Constituição Federal como patrimônio nacional (artigo 225, § 4º). Estendida em 91 mil quilômetros quadrados do país, ela abriga uma das mais altas taxas de diversidade biológica do mundo, com muitas espécies em extinção.

Apesar da devastação que vem sofrendo desde 1500, a grandiosidade da Mata Atlântica ainda impressiona: presente em 17 dos 26 estados brasileiros, do Rio Grande do Sul ao Piauí, ela apresenta diferentes relevos e paisagens e uma biodiversidade que chega a mais de 22 mil espécies de animais e de plantas. E o que mais chama a atenção é que muitas dessas espécies são endêmicas, ou seja, não são encontradas em nenhum outro lugar do planeta.

De todas as espécies da Mata Atlântica, sem dúvida a mais conhecida é o pau-brasil (Caesalpinia echinata), que deu nome ao país em que vivemos. Hoje ameaçada de extinção, sua extração foi a primeira atividade econômica dos portugueses que chegaram às Américas há mais de meio milênio e, possivelmente, o primeiro grande impacto sobre a floresta. Depois disso, vieram outros ciclos econômicos que também causaram perdas. Essa associação de grande riqueza biológica e intensa pressão humana é o que faz da Mata Atlântica um hotspot, ou seja, um dos 34 lugares do planeta mais importantes para preservar a biodiversidade.

À diversidade biológica da Mata Atlântica corresponde também uma grande multiplicidade cultural, com diversos grupos de pessoas vivendo no Bioma. São homens e mulheres com um modo de vida intimamente ligado ao meio ambiente, como jangadeiros, caipiras, pescadores artesanais, caiçaras, ribeirinhos, quilombolas e índios. É no bioma que vive a maior parte da população brasileira e estimativas indicam que há 110 milhões de pessoas nas suas regiões de domínio. É o ecossistema mais ameaçado do país e também o que tem vínculo direto com a vida das pessoas, e nós podemos estar perdendo uma série de benefícios e oportunidades para uma boa qualidade de vida se não cuidamos dele.

Mas por que 27 de maio? A escolha da data, estabelecida em um decreto presidencial de 1999, remonta à colonização do Brasil pelos portugueses. Foi no ano de 1560 que, sensibilizado com a extraordinária biodiversidade da Mata Atlântica, o Padre José Anchieta escreveu a famosa Carta de São Vicente, primeiro registro histórico sobre o Bioma. Na Carta, endereçada ao Padre Geral de São Vicente, o Padre Anchieta descreveu a fauna, a flora e os moradores das “florestas tropicais”, como chamou a Mata Atlântica na época. A Carta foi assinada no dia 27 de maio – daí a origem do Dia Nacional da Mata Atlântica.

O Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica – CERBMA/RS está permanentemente preocupado com a Mata Atlântica. Todo o mês reúne representantes dos setores que exercem influência na Mata para discutir e propor formas de melhor conservá-la e de bem aproveitar seus benefícios: órgãos do governo federal, estadual e municipal, organizações ambientalistas, universidades, agricultores, pescadores e indígenas. O dia 27 de maio deve ser lembrado para que fique como um símbolo da luta pela recuperação das florestas e da Mata Atlântica.
No Rio Grande do Sul – Dados da ONG SOS Mata Atlântica, obtidos em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), indicam que existem 976.959 hectares de florestas da Mata Atlântica no Estado, o que corresponde a praticamente 905 mil campos de futebol. Isso representa pouco mais de 7% dos mais de 13 milhões de hectares que existiam originalmente. São partes da floresta ombrófila densa (floresta atlântica), floresta ombrófila mixta (floresta com araucárias), florestas estacionais decidual e semidecidual (que perdem as folhas no outono), matas de restinga (paludosas e sobre dunas). Além disso, a Mata Atlântica do Rio Grande do Sul é formada pelos campos de altitude e seus banhados, pelas demais vegetações de restinga e áreas úmidas associadas.

Texto: Joyce Wainberg e Alexandre Krob

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