Para quem vai a revitalização do cais do porto de Porto Alegre?
A "gentrification", termo empregado para definir a revitalização e a qualificação de áreas degradadas nas cidades, sempre foi alvo de críticas por parte dos profissionais e estudiosos ligados ao urbanismo, que se preocupam com as questões sociais das cidades. Do ponto de vista do dsigner urbano, a gentrification, pode significar a remodelação e a reutilização de espaços das cidades que tenham sido "esquecidos" ao longo do tempo, tanto por um "envelhecimento" da infra-estrutura quanto pela mudança de hábitos da população, que busca outras áreas para a sua convivência, abandonando-as. Mas também pode ser uma maneira de privatizar ou semi-privatizar o espaço urbano.
Estas críticas dizem respeito, principalmente, quando aos novos objetivos, os novos rumos da utilização dessas áreas e para quem é destinado esses complexos, assim como quem vai se beneficiar com a sua utilização.
Os grades centros urbanos, via de regra, possuem áreas degradadas. Dessa maneira, várias cidades no mundo, já realizaram a gentrification de suas áreas urbanas degradadas. Berlim, Londres, Montreal, Buenos Aires, Rio de Janeiro, entre outras, implementaram a recuperação de áreas abandonadas, principalmente áreas portuárias que, devido a modernização modal do transporte hiroviário, não mais serviam a esses objetivos.
Mas a critica vai, principalmente, para quem é feita essa gentrificação. Pois, como se sabe, os empreendedores, ao aplicarem recursos nesses projetos, logicamente esperam o retorno do capital investido, e com lucros, além de esperar que, o seu nome esteja associado a empreendimentos de alto status. Então, essas áreas, são preferencialmente destinadas a população com poder aquisitivo superior. Esses projetos também tendem a valorizar o seu entorno, onde as construções vão ter seus preços majorados significativamente.
Que isso representa? Representa o afastamento da população de classes socio-ecomômcas menos favorecidas. Pois os estabelecimentos (restaurantes, lojas, teatros, cinemas, etc.) que se instalam nessas áreas, estão voltados aos endinheirados, aos que podem pagar para usufruir desses espaços requintados. Por outro lado também, as pessoas que outrora residiam nessas áreas ou no seu entorno, são obrigados a se deslocar para outras áreas da cidade, onde tenham custos mais baixos para morar e viver.
Em suma, a gentrificação, como ferramenta de valorização do espaço urbano, tal como é proposta, particularmente para o porto de Porto Alegre, tende a afastar a população local, trazendo uma "outra" população, os que podem pagar. Essa qualificação do espaço urban, por conseguinte, é excludente, pois não contempla a população da cidade como um todo.
Não é por essa crítica que devemos pensar que não se deva qualificar o espaço urbano. Mas essa qualificação deve ser pensada de maneira a integrar esses espaços ao todo urbano. Na maioria das vezes, o que ocorre, não é a integração, mas sim a fragmentação do espaço urbano, onde somente os grandes empreendedores e uma minoria dos munícipes pode usufruir dessas melhorias.
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