James Lovelock: deixem a Terra seguir seu curso
O cientista Lovelock, em foto de Eamonn McCabe/The Guardian.
Meu primeiro contato com a Teoria de Gaia- em que sustenta que a Planeta terra funciona como um organismo vivo e auto-regulável, aconteceu quando era ainda jovem, no início dos anos 70. Fiquei impressionado com a teoria em si, mas principalmente com a clareza das idéias de James E. Lovelock e Linn Margulis. Naquela época, na efervescência da contra cultura, o mundo estava envolto no auge da Guerra Fria, Guerra do Vietnã, Movimento Hippie, o nascimento do movimento ecologista a partir do Clube_de_Roma em 1972, fez nascer uma nova forma de encarar a responsabilidade humana sobre a natureza. E o balanço feito nesse encontro denunciou uma crise de sistema global do planeta e propôs uma "terapia de limites ao crescimento".
Falo isso, relembrando, porque hoje li um artigo que foi publicado no jornal The Guardian, do cientista inglês James Lovelock que, aos 89 anos, tem feito muito barulho entre a comunidade científica e o meio ambientalista com seu ceticismo acerca da eficácia dos esforços humanos para combater o aquecimento global, a essa altura do campeonato. Ele afirma que já ultrapassamos o “ponto de retorno”, e que todos os esforços para deter o aquecimento global, não passam de uma
Falo isso, relembrando, porque hoje li um artigo que foi publicado no jornal The Guardian, do cientista inglês James Lovelock que, aos 89 anos, tem feito muito barulho entre a comunidade científica e o meio ambientalista com seu ceticismo acerca da eficácia dos esforços humanos para combater o aquecimento global, a essa altura do campeonato. Ele afirma que já ultrapassamos o “ponto de retorno”, e que todos os esforços para deter o aquecimento global, não passam de uma
Em seu livro mais recente, A vingança de Gaia, traz previsões sombrias. Entre elas, que até 2020 as condições climáticas extremas serão regra, e não exceção, e que em 2040 grande parte do continente europeu terá se convertido em um imenso Sahara, ao mesmo tempo que cidades como Londres estarão em parte submersas. Nesse cenário, os atuais problemas com a imigração serão fichinha: os chamados “refugiados do clima” serão a questão primordial da humanidade, ao lado da produção de alimentos.
'Fantasia ilusória'
E o que fazer para combater esses males? Nada. Para Lovelock, a hora já passou. O cientista é crítico dos paliativos tão em voga atualmente, como a neutralização do carbono, a reciclagem e o chamado consumo ‘verde’.
“Quase tudo que está sendo feito para ‘salvar o planeta’ está errado”, declarou recentemente à imprensa. Segundo Lovelock, a premissa de que pequenos ajustes no dia-a-dia das pessoas vai trazer algum resultado efetivo na frenagem do aquecimento global é uma “fantasia ilusória” – que pode trazer até algum alívio na consciência, mas não vai ter efeito algum sobre a mudança climática.
Ele sustenta que o aquecimento global já passou do ‘tipping point’ (ponto de retorno) e que, se a humanidade tivesse tomado essas atitudes por volta de 1967, talvez tivessem alguma eficácia. Agora, não mais.
Remédio ruim
Lovelock já havia comprado uma briga das boas com os ambientalistas quando começou a defender a energia nuclear como única fonte viável para produzir eletricidade na quantidade suficiente para atender ao apetite por energia do mundo.
Remédio ruim
Lovelock já havia comprado uma briga das boas com os ambientalistas quando começou a defender a energia nuclear como única fonte viável para produzir eletricidade na quantidade suficiente para atender ao apetite por energia do mundo.
Agora, no artigo publicado hoje no jornal inglês The Guardian, Lovelock volta a pôr lenha na fogueira do aquecimento global. Ele sugere que os humanos deixem a Terra “seguir seu curso”.
Ele coloca que a atual engenharia em escala global que tem feito esforços para combater o aquecimento do planeta está em situação muito semelhante à dos médicos do século XIX, que tinham poucos remédios à mão para combater as doenças, e muito pouco conhecimento sobre seu modo de agir no organismo.
Ele coloca que a atual engenharia em escala global que tem feito esforços para combater o aquecimento do planeta está em situação muito semelhante à dos médicos do século XIX, que tinham poucos remédios à mão para combater as doenças, e muito pouco conhecimento sobre seu modo de agir no organismo.
“Os médicos sábios tinham a certeza de que deixar a natureza tomar seu curso sem intervenção poderia permitir frequentemente que o organismo se auto-regulasse, para obter a cura. Penso que o mesmo raciocínio é válido para a medicina planetária”, escreve Lovelock.
Segundo o autor, o aquecimento da Terra não teria acontecido se não fosse pela rápida expansão da humanidade - tanto em número de habitantes quanto em acúmulo de riqueza. “Se tivéssemos ouvido Malthus e mantido a população humana em menos de 1 bilhão, não teríamos de encarar um futuro tórrido (...) mesmo se seguirmos ou não as recomendações de cortar os combustíveis fósseis, o planeta parece querer, massivamente e cruelmente, nos expulsar, com a mesma falta de misericórdia com que nós humanos eliminamos tantas espécies ao mudar seu meio ambiente”, prossegue.
“Continuar com o ‘business as usual’ provavelmente vai matar a maioria de nós ao longo do século. Há alguma razão para acreditar que implementando integralmente o acordo de Bali, o desenvolvimento sustentável e o uso pleno de energias renováveis, mataríamos menos? Temos que considerar seriamente que, assim como na medicina do século XIX, a melhor opção, além de analgésicos e palavras de conforto, seria não fazer nada e deixar a Natureza tomar seu curso”.
Segundo o autor, o aquecimento da Terra não teria acontecido se não fosse pela rápida expansão da humanidade - tanto em número de habitantes quanto em acúmulo de riqueza. “Se tivéssemos ouvido Malthus e mantido a população humana em menos de 1 bilhão, não teríamos de encarar um futuro tórrido (...) mesmo se seguirmos ou não as recomendações de cortar os combustíveis fósseis, o planeta parece querer, massivamente e cruelmente, nos expulsar, com a mesma falta de misericórdia com que nós humanos eliminamos tantas espécies ao mudar seu meio ambiente”, prossegue.
“Continuar com o ‘business as usual’ provavelmente vai matar a maioria de nós ao longo do século. Há alguma razão para acreditar que implementando integralmente o acordo de Bali, o desenvolvimento sustentável e o uso pleno de energias renováveis, mataríamos menos? Temos que considerar seriamente que, assim como na medicina do século XIX, a melhor opção, além de analgésicos e palavras de conforto, seria não fazer nada e deixar a Natureza tomar seu curso”.
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