RIO +20: A agonia de Gaia e os mitos da “economia verde”
Quando inicia a RIO+20, é hora de se pensar (um pouco mais) de qual futuro queremos para os nossos descendentes e, principalmente, para o nosso Planeta.
Imerso em uma aguda crise econômica (leia AQUI), o mundo volta seus olhos para o Rio de Janeiro a partir desta quarta-feira (13/06). Após vinte anos, a cidade brasileira torna-se novamente palco de um encontro que pretende traçar novos rumos para a sociedade global através do meio ambiente. No entanto, a escolha do caminho a ser percorrido pode representar um duro retrocesso nas conquistas ambientais obtidas nas últimas duas décadas.
Mas daí eu pergunto:
Será que já tivemos algum avanço?
Desde a RIO 92, no meu entendimento, pouco ou quase nada obtivemos de avanços. Então quel será o retrocesso? Pois se a maioria das decisões, não tiveram consenso e, quase todas, foram boicotadas pelos paíse mais ricos e, consequentemente, os mais poluidores e devastadores dos recusos naturais?
Ao seu término, no dia 23 de junho, a ONU (Organização das Nações Unidas) pretende apresentar um documento final que definirá as diretrizes das políticas ambientais internacionais a serem seguidas nos próximos anos, intitulado “O Futuro que Queremos”. No entanto, a criação e aplicação de novos tratados, mesmo que com ambições mais modestas do que no passado, só deve ocorrer mesmo a partir de 2016. O novo documento terá o papel de substituir os Objetivos do Milênio, que se encerram em 2015 – ou seja, contará um prazo de três anos para definir mais claramente seus objetivos.
Devemos torcer para que, ao menos, mesmo que tímidas, os países que participam da RIO+20, tracem metas para a preservação dos recusos naturais, da biodiversidade e da diminuição das emissões de CO2.
Gaia está doente...
Neste sentido, segundo James Lovelook, a Terra se comporta de fato como um organismo vivo, as alterações às quais estão submetidas as diferentes formas orgânicas e inorgânicas que compõem o planeta trazem consequências diretas sobre a sua “saúde”. E Lovelock é taxativo ao afirmar que a Terra é hoje um planeta doente (leia AQUI) . Mas não um doente qualquer, pois um dos sintomas no quadro de saúde do planeta é precisamente o processo de aquecimento global, colocando no limite e em risco a própria existência humana a longo prazo. O aquecimento ocorre, segundo a análise precursora do autor, por conta da interação de gases como o dióxido de carbono que produzimos em excesso e se concentra na atmosfera, alterando o equilíbrio harmônico na composição dos gases atmosféricos.
Duas são as fontes principais deste desequilíbrio:
1) O capitalismo, cujo atual padrão de acumulação é altamente dependente do petróleo, e da ocupação de áreas de ecossistemas. Tanto a combustão do petróleo quanto o desmatamento, a poluição do mar, a mineração, são emissores importantes de dióxido de carbono.
2) O crescimento populacional. O número crescente de seres humanos no planeta é, na verdade, a maior ameaça real para o clima, devido ao seu potencial de emissão de CO² pelo simples fato de todos nós termos de respirar e liberar este gás na atmosfera.
A crítica se concentra, essencialmente, no que poderíamos chamar de mitos da economia verde ou sustentável. A idéia da sustentabilidade nos vende que podemos lidar com os problemas ambientais por meio de políticas e atitudes sustentáveis, como comprar “verde” (atestando que a madeira é de “reflorestamento”), locomover-se com combustível “verde”, apagar a “pegada de carbono” plantando árvores, etc. Na verdade, o primeiro mito que Lovelock busca desvendar neste discurso da sustentabilidade, e que articula todos os demais, é a idéia segundo a qual o aquecimento global pode ser revertido.
Uma ilusão. Teremos que nos habituar com um planeta muito mais quente, pois o sistema terrestre já estaria, segundo o químico britânico, profundamente alterado. Prova disso, argumenta Lovelock – sempre com uma riqueza impressionante de dados, muitos deles coletados por ele mesmo em expedições pelo planeta – é o derretimento das calotas polares e o avanço da desertificação, em terra como no mar.
E aí?
Ruim isso, não é?
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