quarta-feira, 4 de abril de 2012

O Guaíba está verde: Falta de investimento no tratamento de esgoto é uma das causas para sabor e cheiro ruins da água na Capital.


Nasci e vivo em Porto Alegre a cinco décadas. Mas somente nos últimos anos é que o Guaíba, no verão, tem suas águas a cor do mar: verde.

A causa é simples: a enorme proliferação das cianofícias, em decorrência falta de chuvas regulares, da matéria orgânica em grandes quantidades oriundas dos efluentes domésticos, industriais e das lavouras, a incidência dos raios solares e do calor. Tudo isso é um prato cheio para estas bactérias, que conferem a coloração esverdeada e o cheiro/gosto de terra as águas do Guaíba.

Para ilustrar o que vem ocorrendo (leia AQUI) , o coordenador do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, Carlos André Bulhões Mendes, usa a representação de um prédio com 30 andares e dezenas de apartamentos. Imagine que cada um desses apartamentos produza seus resíduos.

Considere que todo esse esgoto seja despejado em um único lugar, no apartamento térreo do zelador. Pois esse zelador seria o Guaíba, que recebe, além do esgoto não tratado da Capital, as águas carregadas de dejetos produzidos nas cidades, indústrias e lavouras que ficam às margens de rios como Jacuí, Sinos e Gravataí.

— Isso vai se repetir pelos próximos 30 anos. É certo, e não preciso de supercomputadores para saber disso, pois não está havendo investimento suficiente em tratamento de esgoto — avalia Mendes.

Diretor de Recursos Hídricos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Marco Mendonça reconhece a carência de informações sobre os recursos hídricos gaúchos. Ele afirma que até o ano que vem o Plano de Bacias do Lago Guaíba deve estar concluído, identificando fontes poluidoras e as ações necessárias.

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