sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Conflitos da água: teremos arroz, mas não teremos água para cozinhá-lo

Desde a grande seca que se abateu sobre o RS no verão 2005/06, quando o rio Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre, praticamente secou, todos os anos, a situação de conflito, entre o abastecimento humano de água e a irrigação do arroz inundado, agrava-se.

Não se pode admitir que, primeiro se irrigue, para depois, o que sobrar, vá para o abastecimento das cidades, a população não pode ficar sem água.

Neste momento, por força das condições climáticas e do período de crescimento do arroz, que não pode prescindir de uma lâmina água de uns 5 a 10 cm, em torno de 150 mil pessoas nas cidades de Gravataí, Cachoeirinha e Alvorada, estão desabastecidas pelo baixo volume e pela má qualidade da água do rio Gravataí. O cultivo do arroz irrigado, por submersão do solo, necessita em torno de 2000 L (2 m3) de água para produzir 1 kg de grãos com casca, estando entre as culturas mais exigentes em termos de recursos hídricos. Num Hectare, são necessários 12 mil m³ de água.

O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do Brasil, com 65% da produção nacional. Aqui no estado, apenas 5% da disponibilidade hídrica, é destinada ao abastecimento humano, outros 5% vão para a indústria e, os restantes 90% vão para a irrigagão, sendo que a quase totalidade, para o arroz.

Ao se analizar o mapa do Brasil, salta aos olhos, o quanto é intensiva a retirada de água para o arroz, principalmente na metade sul do RS. Este fato demosntra também que, muitas vezes, além do volume retirado para a irrigação, a água retorna ao rio com péssima qualidade, como o que ocorre na Bacia do Rio Gravataí, onde a turbidêz, que tem limite máximo de 100 UNT, passa de 600 UNT. Com isso, há entupimento dos fíltros, o que obriga a constante suspensão do tratamento para a sua limpeza e, com isso, falta água para a população 



É um absurdo!!!! Como pode o poder econômico se sobrepôr ao direito garantido por lei, onde o abastecimento é a prioridade?

A cada ano, a ganância dos grandes empreendimentos que prouz esta commoditie, aumentam as áreas de cultivo, sem ao menos pensar que, com este aumento, vão prejudicar milhares de seres humanos.

Está na hora do Estado tomar para sí a responsabilidade e regual e fiscalizar o plantio e a irrigação do arroz, pois atualmente, a população é refém dos arrozeiros. Não sou contra o cultivo, nós comemos arroz, precisamos de alimento. Mas nesse rumo, vai chegar o momento que teremos o arroz, mas não teremos a água para cozinhá-lo.

Esta situação não se restringe somente ao rio Gravataí. Outros, como o rio dos Sinos, Santa Maria, Camaquã, Ibicuí e outros, passam pelo mesmo problema. 

Em tempo: O Governo do Estado do RS está editando um Decreto de Estado de Emergência para a Bacia do rio Gravataí, no dia 9 de dezembro, o vai permitir que a FEPAM, SEMA, DRH e Batalhão Ambiental, feche as bombas que sugam o Gravataí.   

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pelo artigo! Esta luta é de todos! (http://www.facebook.com/sadao.makino.1)