segunda-feira, 17 de setembro de 2007

E o vinte de setembro, heim?


Estamos em plena Semana Farroupilha, e somente se falam coisas boas a respeito do gaúcho e da cultura gaúcha. Mas pouca gente se dá conta que, esse movimento, criado a cinqüênta anos atrás, pelos "guris do Julinho", Barbosa Lessa e Paixão Côrtes, não tinha pretensão alguma, e que somente era uma brincadeira.

O tempo foi passando e muita coisa se modificou. Aquilo que foi criado por brincadeira, se tornou "coisa séria". Com a criação dos MTG (Movimento Tradicionalista Gaúcho), iniciou-se um processo de unificação da cultura rio-grandense. Essa cultura única, não leva em conta a multiplicidade cultural da formação do Rio Grande do Sul. O negro, o alemão, o italiano, o israelita, o japonês, entre outros, foram relegados na composição cultural apregoada por esse movimento.

O 20 de setembro, data de "comemoração" dessa cultura única, nada mais é do que o dia em que os Farrapos, cultuados até hoje como heróis, foram derrotados pelas tropas imperiais, dando fim a uma das mais cruéis revoltas ocorridas no Brasil. Mas essa história não é contada nas escolas, ao contrário, ela é escondida de quase todos. Muitos fatos históricos daquela época, não aparecem nos livros.

Some-se a isso, o fato da apropriação, feita por parte da mídia e de empresas "estrangeiras" aqui instaladas, do tal ideal farroupilha, na ansia de identificarem-se com o povo sul-riograndense para, é claro, lucrarem mais. E o povo, que sem saber exatamente o porquê, usam adesivos e outros adereços, incentivados por uma forte propaganda, difundindo esse ideal, sendo usados.

Não sou contra as tradições "gaudérias", até gosto de churrasco e chimarrão. Mas o que me preocupa nisso tudo, é que, muitas vezes, isso tudo é usado com uma grande dose que preconceito, que serve para fins separatistas. Esse preconceito vai desde o machismo até dizer que, somente o gaúcho, é honesto e trabalhador. Que o RS é que sustenta os nordestinos, vagabundos e assim por diante.

Isso não é bom, nem para nós, nem para o Brasil.

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