sexta-feira, 26 de abril de 2013

Zero Hora: Justiça decidirá entre duplicação da Beira-Rio ou preservação de árvores


A lógica é sempre a mesma, o poder econômico se sobrepõe ao ambiental. E quero aqui deixar claro que, quanto ao corte ou não das árvores, deve ser levado em conta que, estas árvores, não são nada comparado ao que se faz na Amazônia, por exemplo. Mas por ouro lado, a codade de Porto Alegre vai aos poucos perdendo seus espaços de convivência, deixando-os para os automóveis.

Zreo Hora diz que, nos próximos dias, o Tribunal de Justiça deverá decidir se as motosserras voltarão a roer os troncos de 115 árvores marcadas para morrer pela duplicação da Avenida Edvaldo Pereira Paiva, a Beira-Rio, em Porto Alegre — 14 já foram ao chão.


Se for mantida a proibição à retirada, por enquanto obtida via liminar pelo Ministério Público (MP), a prefeitura não terá um plano B para a obra. Restará, portanto, um gargalo no trânsito entre o Centro Histórico e a Zona Sul.

Os guardiões das árvores ainda estão tranquilos em suas barracas, armadas na região desde o dia 17. Ali vivem cerca de 20 estudantes, artistas, moradores de rua, punks e outros integrantes do movimento Ocupa as Árvores. No início da tarde de quinta-feira, o grupo almoçava sob as grossas copas do arvoredo entre a Câmara Municipal e a futura rótula da avenida. Se a causa for perdida na Justiça, a tensão deverá tomar conta do acampamento. Os manifestantes prometem subir nas árvores para evitar que tombem.

— Logo a duplicação dessa via se tornará obsoleta — profetiza um deles, que não quis se identificar.

Segundo o secretário municipal de Gestão, Urbano Schmitt, todas as alternativas técnicas para complementar o alargamento da Beira-Rio na região da Usina do Gasômetro foram estudadas. Concluiu-se que somente a duplicação da Avenida Presidente João Goulart, em frente à usina, possibilitaria o desafogo do trânsito.

Em fevereiro, 14 derrubadas foram feitas no traçado planejado, mas ativistas ocuparam as árvores restantes. Só depois veio a liminar pedida pelo MP.


O debate, porém, supera a preservação e aborda o limite da supressão de espaços urbanos na Capital para desafogar os automóveis. Qual será esse limite? Especialista em trânsito e professor da UFRGS, João Fortini Albano afirma que essas ampliações são círculos viciosos.

— Quando melhora, os motoristas começam a usar mais (o carro), e uma hora volta a trancar. Enquanto não se quebrar esse fluxo, será assim — argumenta, apontando o investimento no transporte público como solução.

Para cortar as árvores, entende a promotora de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Ana Maria Moreira Marchesan, a prefeitura ignorou a Lei Complementar Municipal 646, de 2010, que cria o Parque Corredor do Gasômetro. Ela critica a eliminação de espaços públicos devido às obras da Copa:

— É difícil. A questão econômica parece preponderar, assim como a lógica do automóvel, que é perversa porque a gente corta e corta árvores e, dali a dois dias, a via está deficitária.

O secretário Urbano garante que o Parque do Gasômetro não será afetado pela obra. O vice-prefeito Sebastião Melo não se arrisca a avaliar se a duplicação da Beira-Rio — prevista desde 1979, lembra — pode se tornar obsoleta, como sugere o manifestante barbudo que vigia as árvores. Melo acredita ser necessário priorizar o transporte público, o que será um "processo gradativo":

— Nós vamos conviver a vida inteira com o carro.

Pois então... o que fazer?

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