quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A crise do capitalismo: Mais de 500 famílias são despejadas por dia na Espanha

Soraya Urbano Oviedo e os filhos (foto: Liana Aguiar/BBC Brasil))
Após ficar sem-teto, Soraya Urbano (foto) ocupou apartamento com a família; 6 milhões de moradias estariam vazias no país.

Um dos maiores geógrafos da atualidade, David Harvey, recentemente lançou o livro O enígma do capital e as crises do capitalismo, editado no Brasil pela Editora Boitempo (AQUI). Ele nos revala com uma lucidêz que chega a doer, como se dá a acumulação e como as crises sustentam a acumulação e o capitalismo, em detrimento das pessoas e dos estados nacionais.

Em um trexo do seu livro, Harvey diz que “O capital é o sangue que flui através do corpo político de todas as sociedades que chamamos de capitalistas, espalhando-se, às vezes como um filete e outras vezes como uma inundação, em cada canto e recanto do mundo habitado. É graças a esse fluxo que nós, que vivemos no capitalismo, adquirimos nosso pão de cada dia, assim como nossas casas, carros, telefones celulares, camisas, sapatos e todos os outros bens necessários para garantir nossa vida no dia a dia. A riqueza a partir da qual muitos dos serviços que nos apoiam, entretêm, educam, ressuscitam ou purificam são fornecidos é criada por meio desses fluxos. Ao tributar esse fluxo os Estados aumentam seu poder, sua força militar e sua capacidade de assegurar um padrão de vida adequado a seus cidadãos. Se interrompemos, retardamos ou, pior, suspendemos o fluxo, deparamo-nos com uma crise do capitalismo em que o cotidiano não pode mais continuar no estilo a que estamos acostumados.”

Desde 2008, a crise, vêm fazendo com que o modo de vida de milhões de pessoas se transforme radicalmente. A título de  austeridade, para atender o receituário neoliberal do Fundo Monetário Internacional, os estados nacionais, retiram direitos conquistados e já consagrados e interrompem investimentos sociais. Com a falta de recursos, principalmente os mais pobres e/ou vulneráveis cidadãos, veem-se alijados de uma vida que já estavam acostumados a ter.

Desde 2008 na Espanha (leia AQUI), já foram quase 400 mil execuções hipotecárias. Somente no primeiro trimestre deste ano, o Conselho Geral do Poder Judiciário (CGPJ), órgão do governo, registrou 46.559 despejos. Por dia, 517 famílias foram despejadas suas casas por inadimplência.

A Plataforma dos Afetados pela Hipoteca (PAH), entidade criada para chamar atenção para o problema, estima que, neste ritmo, o país terminará 2012 com mais de 180 mil famílias despejadas.

Ada Colau, ativista do direito à moradia e uma das fundadoras da PAH, critica que a legislação ampare as entidades bancárias, mas não os cidadãos que perdem o emprego e não podem pagar o empréstimo.

Ela afirma que, na época do boom imobiliário, o governo "facilitou o crédito de maneira irresponsável" e, agora, anuncia cortes em gastos com educação e saúde, enquanto resgata a entidades bancárias.

Notem que a matéria da BBC, mostra o corte dos fluxos de capital pelos estados nacionais mas, por outro lado, corre para socorrer os capitalistas que, como sempre, vão "faturar" com ou sem crise.

E o pior é que, a crise, está longe de terminar.

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