sábado, 30 de agosto de 2008

Discutir é preciso, mas fazer é imprescindível



Participei deste importânte evento, onde foi discutido o saneamento ambiental e as suas conseqüencias sobre a saúde pública. Confesso que achei as palestras muito técnicas (o viés técnico é muito relevante) mas faltaram as bases teóricas que norteiam as políticas públicas na área ambiental.

No meu ponto de vista, o que mais valeu do Seminário, foi a conferência de encerramento, com a presença do Engenheiro Sanitarista da FIOCRUZ, Marcelo Firpo.

Com uma vasta experiência em saúde pública, ele tocou em pontos que, para mim, são o cerne dos problemas ambientais e as suas conseqüencias à saúde pública:

1- a saúde coletiva: onde os principais problemas têm orígem nas desigualdades sociais.

2- a economia ecológica que, segundo Firpo, é a economia da sustentabilidade. Pois atualmente, estamos vivendo uma dicotomia, entre o homem e a natureza, e precisamos integrá-los novamente.

3- a ecologia política, que nos mostra que o atual desenvolvimento é desintegrado do metabolismo social, e que, por si só, é um indicador de insustentabilidade.

4- a justiça ambiental, que somente poderá existir quando se conseguir entender e pôr-mos em prática os pontos 1, 2 e 3.

Assim, toda a atividade humana e social gera impactos ambientais, devendo ser levado em conta e mensurados os seus níveis de impacto, pela análise de suas externalidades.

O Prof. Firpo é militante e engajado nesta discussão, participa ativamente na construção de um novo paradigma ambiental no Brasil através da Rede Brasileira de Justiça Ambiental. Para saber mais sobre esta rede veja AQUI.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A crise do capitalismo globalizado: uma tsunami


Saiu no El País:


Segundo o artigo de Sami Näir, profesor catedrático em ciências políticas da Unversidade de Paris desde 1970, doutor pela Universidade de Sorboene em Filosofia Política em 1973 e em Letras e Ciências Humanas em 1979, ele susteneta que estamos prestes a entrar em uma crise sem precedentes na história do capitalismo globalizado.


Essa tsunami, segundo Sami e diversos outros economistas, não se trata apenas de uma crise de crédito, mas ela toca fundo a economia mundial. Ele culpa, principalmente, os Estados Unidos, pela intensidade da crise, principamente pelo seu déficit gerado pelas guerras do Afeganistão e Iraque.


Também diz que, nessa tsunami, nem os países desenvolvidos ficarão de fora. E mais, que os países emergentes, como é o caso do Brasil, serão sériamente afetados, principalmente duarante os dois próximos anos.


Sami Näir conclui dizendo que: "Em resumo, estamos diante de uma crise econômica mundial que é somente a ponta do iceberg, e que esconde uma importante reorganização geopolítica, em que vão vencer os que melhor saibam utilizar suas forças e equacionar suas debilidades".


Vale apena ler o artigo completo em espanhol (AQUI)

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Os avanços do "novo jeito de des-governar"


FFHH, agora é comendador, graças a Yeda...



Ontem a tarde, o farol da Alexandria, aquele que lança suas luzes sobre a antigüidade, distante do Palácio do Planalto desde o final de 2002, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso recebeu ontem das mãos da governadora Yeda "Aracrusius" a Comenda Ordem do Ponche Verde, no grau grã-cruz. Criada em abril de 1972, é a maior distinção que o Palácio Piratini pode conceder a alguém.


– Quero compartilhar com os senhores a oportunidade que estamos tendo de homenagear um estudioso do Rio Grande do Sul, um construtor do Brasil e um pacificador das relações humanas – afirmou a governadora para a platéia. (alguém entendeu o que a bruxa quis dizer com "passificador da relações humanas"?


ZÉmentira encalhada: é por isso que eles temem


No início da noite de domingo (24/08), como de costume, fui comprar umas coisinhas em um supermercado da cidade, quando, ao esperar a minha vez no caixa, observei que, em todos os caixas haviam pilhas de jornais (ZH) encalhados.


Sim, encalhados, pois como essa porcaria sai sábado ao meio-dia, ninguém mais vai compra-lo no domingo a noite (vejam a foto que eu fiz a cima, assim como essa pilha de papel, outras iguais estavam em outros caixas).


É por isto que os barões da mídia estão apavorados com as mídias alternativas...


E mais, com esse "jornalisminho" provinciano a mando dos grandes grupos econômicos, só poderia acontecer o que está acontecendo.


A decadência do RS está em toda a parte...

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O fim do monopólio da imformação


A realidade das mídias alternativas, entre elas a Internet e a TV digital, estão tirando o sono de quem era, até bem pouco tempo atrás, os donos do "campinho". A rede é democrática. As notícias vêm direto da fonte, sem intermediários e suas opiniões e manipulações. E a TV digital, dá a oportunidade e facilidades a quem tiver interesse em investir na área da informação.


Vejam vocês...


Quando o Jornal Folha de São Paulo fez, a pouco tempo atrás, pesquisa para saber o quanto andava seu prestigio, dava para ver que a grande mídia estava com medo da internet e, por conseqüência, do sucesso dos blogs, lembram?


Para confirmar as suspeitas, o diretor da Globo Fernando Bittencourt disse que “A multiprogramação na TV digital não é uma opção para a Rede Globo, pois não trará mais anunciantes."No cenário de mídia, falando do passado, nós éramos felizes e não sabíamos. Isso há dez, 15 anos. A única forma de ver televisão era pelo ar", disse, lembrando o avanço da internet.


Segundo o executivo, que debateu o assunto no Rio, os radiodifusores sentem saudades do tempo em que não havia ameaça das novas mídias ao seu modelo de negócios. Hoje, o Brasil tem quase 23 milhões de pessoas acessando a rede de casa. Segundo o Ibope, o crescimento no número de internautas tira as pessoas da frente da TV no país.

Ministério Público investiga desvio de recursos federais

Investigação envolve Eliseu Padilha, José Otávio Germano, Alceu Moreira e até o secretário de Habitação e Saneamento, Marco Alba

Comprovando que o recente escândalo do Detran, que desfalcou em R$ 44 milhões os cofres públicos, é só a ponta de um imenso iceberg de irregularidades que atravessa grande parte da atual administração estadual, agora surgem indícios que apontam fortemente para desvios de recursos na área de saneamento. Tanto é que, segundo a imprensa, o Ministério Público Estadual entrou com ação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) envolvendo investigação dos deputados federais Eliseu Padilha (PMDB) e José Otávio Germano (PP), mais o presidente da Assembléia Legislativa, Alceu Moreira, e até o secretário estadual de Habitação e Saneamento, Marcos Alba.

O SINDIÁGUA já vinha alertando para a necessidade de fiscalizar rigorosamente o uso dos recursos do PAC, do governo federal, que estão chegando ao estado. No presente caso, os políticos citados acima e mais quatro pessoas sem foro privilegiado, estariam sob suspeita pelo desvio de fundos liberados pelo Ministério da Integração Nacional para a área de saneamento do RS...

O Ministério Público interceptou ligações telefônicas incriminadoras, além de chamar a atenção o fato de a mesma empresa ter sido a vencedora de licitações em Canoas, Sapucaia do Sul e outras prefeituras da Grande Porto Alegre.

A velha tática da mídia: manipular corações e mentes



Neste final de semana e nesta segunda-feira (25/08), a mídia gaudéria expôs aos eleitores, três pesquisas diferentes, com diferentes resultados e, consequentemente, diferentes leituras.

Em todas as leituras, deve-se levar em consideração que a campanha (alguém notou que já iniciou a campanha?) não engrenou e, portanto, não a ainda um universo mais consistente para uma avaliação estatística mais contundente.

Mas, o que se pode ver é que, com a margem de erro em mais ou menos 3%, os três primeiros colocados estão tecnicamente empatados. Isto é, tudo pode acontecer. Até mesmo "inventar" que alguém está na frente.

Neste aspecto, já vi "coisinhas".

Uma delas foi na Rádio Band AM, onde o apresentador chapa-branca, Oziris Marins, cometeu uma gafe:

Ao anunciar os resultados de uma das pesquisa ele disse: "Na pesquisa Ibope, o NOSSO candidato a reeleição lidera com..."

Quer dizer, qualquer meio de comunicação que deseje que um candidato seja bem avaliado pela pesquisa, é só manipular os números, e pronto. Depois, se for desmentido, não dá nada, está tudo dentro da "margem de erro".

É assim que a mídia impõe a sua vontade... sutilmente...

E o povo mais politizado do Brasil vai engolindo.

A pirâmide: sempre é bom lembrar

Esta antiga figura (1911) mostrava, em linhas gerais, como se estruturava o sistema capitalista na época: Onde, na base, estão os que verdadeiramente sustentavam o sistema, mas que, paradoxalmente, os que menos usufruiam dos seus benefícios.

Quase um século depois, mesmo com todos os avanços científicos, tecnológicos e intelectuais proporcionados por este sistema, a estrutura ainda é a mesma. Onde muitos trabalham para poucos e, ao mesmo tempo, são os que têm menor acesso ao resultado destes avanços.

domingo, 24 de agosto de 2008

Tucanos contra o piso nacional do professor

Governos de SP, MG e RS alegam que lei aprovada em julho e sancionada por Lula é “inconstitucional”.

O Piso Salarial Nacional Profissional do magistério público da educação básica, aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente Lula, estabeleceu o valor mínimo de R$ 950,00 para uma jornada de 40 horas semanais, até 2010, além de reservar 1/3 da carga horária para atividades extraclasse, valorizando os profissionais e fortalecendo a qualidade do ensino.

Inconformados, os secretários de Educação dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul se pronunciaram contra a implementação do Piso.Implementado pela Lei 11.738, que estabeleceu o valor mínimo de R$ 950,00 para uma jornada de 40 horas semanais, até 2010, o Piso garante um patamar digno de remuneração, valorizando os profissionais e fortalecendo a qualidade do ensino, determinando a reserva de 33% da carga horária para atividades extraclasse, sem integrar em sua composição gratificações e abonos.

Conforme dados do Ministério da Educação, o Piso beneficiará cerca de 60% dos trabalhadores em educação, além de amenizar as disparidades existentes no país com relação ao salário dos educadores, cujas variações chegam a até 400%.

AMEAÇAS

Inconformados com a prioridade dada à educação pública, os secretários de educação dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul se pronunciaram contra a aplicação da nova lei e buscam envolver o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) para que entre com ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal.

Vejam bem. Durante as campanhas sempre falam que vão valorizar o professor. Que a educação é prioridade. Mas na hora de realmete fazerem algo em prol da educação brasileira, são contra.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Pobre Rua da Praia

Esse é o tratamento que o Fog$$a presta a cidade para a qual quer ser reeleito.

Rua da Praia, ícone de Porto Alegre, quando tem alguma de suas lajotas de basalto danificadas, ao invés de serem substituídas, recebem um "remendo" de cimento e areia.

Vejam só, se ele trata assim uma vitrine da capital gaúcha, imaginem como são tratadas as ruas da periferia, onde "ninguém" vai ver?

Quem passar pela Rua da Praia, preste atenção e comprovará.

Ah! e não são duas ou três, diversos "remendos" podem ser vistos.

Mas não é somente o calçadão, os postes de iluminação também estão pela "hora da morte"

Industria do automóvel: uma indústria falida


"Diga-me a que velocidade te moves e te direi quem és? Se somente podes contar com teus próprios pés para te locomover, és um marginal, porque o veículo se converteu em símbolo da segmentação social e em condição para a participação da vida social. Ao conseguir propiciar aos motoristas a quebra de uma nova barreira de velocidade a indústria do automóvel está patrocinando, inevitavelmente, novos privilégios para uma minoria e agonia para a maioria."

"Não há movimento de verdadeira libertação que não reconheça a necessidade de adotar uma tecnologia de baixo consumo energético."


Ivan Illich

Dá-lhe Grêmio...


OS LIMITES DO CRESCIMENTO: Decréscimo ou desconstrução da economia


Por Herique Leff*


Os anos 60 convulsionaram a idéia do progresso. Depois da explosão populacional, soou o alarme ecológico. Foram questionados os pilares ideológicos da civilização ocidental: a supremacia e o direito do homem de explorar a natureza e o mito do crescimento econômico ilimitado. Pela primeira vez, desde que o Ocidente abriu a história da modernidade, guiada pelos ideais da liberdade e do iluminismo da razão, questionou-se o princípio do progresso impulsionado pela potência da ciência e da tecnologia, que logo se converteram nas mais servis e servíveis ferramentas do acúmulo de capital.


A bioeconomia e a economia ecológica propuseram a relação entre o processo econômico e a degradação da natureza, o imperativo de internalizar os custos ecológicos e a necessidade de agregar contrapesos distributivos aos mecanismos do mercado. Em 1972, um estudo do Clube de Roma apontou, pela primeira vez, “Os limites do crescimento”. Dali surgiram as propostas do “crescimento zero” de uma “economia de estado estacionária”.


Quatro décadas depois, a destruição das florestas, a degradação ambiental e a poluição aumentaram de forma vertiginosa, gerando o aquecimento do planeta pelas emissões de gases causadores do efeito estufa e pelas inelutáveis leis da termodinâmica, que desencadearam a morte entrópica do planeta. Os antídotos produzidos pelo pensamento crítico e a inventiva tecnológica resultaram ser pouco digeríveis pelo sistema econômico. O desenvolvimento sustentável se mostra pouco duradouro, porque não é ecologicamente sustentável!


Hoje, diante do fracasso dos esforços para deter o aquecimento global (o Protocolo de Kyoto havia estabelecido a necessidade de reduzir gases causadores do efeito estufa ao nível de 1990), surge novamente a consciência dos limites do crescimento e a chamada ao decrescimento. Embora Lewis Mumford, Ivan Illich e Ernst Schumacher voltem a ser evocados por sua crítica à tecnologia e seu elogio “do pequeno”, o decrescimento se apresenta diante do fracasso do propósito de desmaterializar a produção, o projeto impulsionado pelo Instituto Wuppertal que pretendia reduzir em quatro, e até dez vezes, os insumos da natureza por unidade de produto.


Ressurge, assim, o fato indiscutível de que o processo econômico globalizado é insustentável. A ecoeficiência não resolve o problema de um mundo de recursos finitos em perpétuo crescimento, porque a degradação entrópica é irreversível. A aposta pelo decrescimento não é apenas uma moral crítica e reativa, uma resistência a um poder opressivo, destrutivo, desigual e injusto; não é uma manifestação de crenças, gostos e estilos alternativos de vida; não é um simples decrescimento, mas uma tomada de consciência sobre um processo que se instaurou no coração do mundo moderno, que atenta contra a vida do planeta e a qualidade da vida humana.


O chamado para decrescer não deve ser um simples recurso retórico para dar vôo à critica do modelo econômico imperante. Deter o crescimento dos países mais opulentos, mas continuar estimulando o dos mais pobres ou menos “desenvolvidos” é uma saída falsa. Os gigantes da Ásia despertaram para a modernidade; apenas China e Índia estão alcançando e ultrapassando as emissões de gases causadores do efeito estufa produzidas pelos Estados Unidos. A eles se somariam os efeitos conjugados dos países de menor grau de desenvolvimento levados pela racionalidade econômica hegemônica.


Decrescer não implica apenas em desacelerar ou se desvincular da economia. Não equivale a desmaterializar a produção, porque isso não evitaria que a economia em crescimento continuasse consumindo e transformando natureza até ultrapassar os limites de sustentabilidade. A abstinência e a frugalidade de alguns consumidores responsáveis não desativam a mania de crescimento instaurada na raiz e na alma da racionalidade econômica, que contém um impulso ao acúmulo do capital, às economias de escala, à aglomeração urbana, à globalização do mercado e à concentração da riqueza.


Saltar do trem andando não conduz diretamente a desandar o caminho. Para decrescer não basta baixar da roda da fortuna da economia. As excrescência do crescimento, o pus que brota da pele gangrenada da Terra, ao ser drenada a seiva da vida pela esclerose do conhecimento e a reclusão do pensamento, não se retroalimenta no corpo enfermo do planeta. Não se trata de reabsorver seus dejetos, mas de extirpar o tumor maligno. A cirrose que corrói a economia não será curada com a injeção de mais álcool na máquina de combustão dos carros, das indústrias e dos lares. Além da rejeição à mercantilização da natureza, é preciso desconstruir a economia realmente existente e construir outra economia, baseada em uma racionalidade ambiental.


* O autor é ambientalista, escritor e ex-coordenador da Rede de Formação Ambiental para a América Latina e o Caribe do Pnuma.


Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.

Milho transgênico leva abelhas a buscar refúgio nas cidades


Apicultores alemães estão levando suas abelhas para centros urbanos para evitar que o mel seja contaminado pelo milho transgênico. Em 2007, morreram cerca de 30% de sua população na Alemanha. Atualmente, 330 das 550 variedades de abelhas silvestres são consideradas espécies em perigo. Nos EUa, em 2007, em regiões de 24 Estados, até 70% da população de abelhas morreram em circunstâncias estranhas leia (aqui).

A Monsanto, lider(?) mundial na produção de sementes geneticamente modificadas, uma das maiores corporações do mundo, adultera e acoberta resultados de pesquisas que lhe seja desfavorável. Conta com a conivência de agente de governos e da justiça.

Por falar em transgênicos, quando se iniciou essa discussão aqui no RS, falava-se das suas vantagens e, principamente, a sua lucratividade. Hoje, estudos já demonstram que, essas vantágens, se desvanecem ao longo do tempo. Além disso, a monsanto é responsável por difundir na natureza uma quantidade de produtos tóxicos que envenenal o ar, a água e o solo, principalmente com a cancerígena dioxina.

Outro ponto a ser destacado, diz respeito a erradicação da fome no mundo através do aumento da produtividade por alimentos transgênicos. Mas, na realidade, tudo mentira. O que aumentou mesmo foram os lucros da Monsanto e adegradação do meio ambiente.

As perspectivas da Geografia no Brasil



A Geografia é a ciência que tem por objeto de estudo o espaço produzido através das relações entre o homem e o meio, envolvendo aspectos dialéticos e fenomenológicos. Para Vidal de la Blache Geografia é a Ciência dos Lugares, já Hartshorne diz ser a ciência da diferenciação de áreas.
A concepção dialética do espaço geográfico entende que a natureza humanizada influencia e é influenciada pela sociedade que produz e reproduz o seu espaço. Uma definição simples poderia ser: Geografia é o estudo da superfície terrestre e a distribuição espacial de fenômenos geográficos, frutos da relação recíproca entre homem e meio.

A geografia está em quase tudo que se faz na superfície da Terra. É difícil achar uma atividade, econômica ou social, que a ciência geográfica, de alguma forma, não se faça presente. Transporte, comunicação, comércio, indústria, agricultura, mineração, serviços e governo, utilizam dados geográficos em suas tarefas. Hoje em dia, com o aprofundamento das redes técnicas, a geoinformação (a informação georeferenciada) tem grande valor, pois sem essas informações, a sua expansão é dificultada. A estratégia empregada pelas empresas e órgãos governamentais, dependem desses dados. Mesmo assim, poucos geógrafos participam desses mercados, que são ocupados por engenheiros ou administradores.

O mercado de trabalho para geógrafos ainda é extremamente restrito no Brasil mas, aos poucos, com a interferência da Associação dos Geógrafos Brasileiros – AGB junto ao CREA (órgão que regula as atividades técnicas de engenheiros, arquitetos, agrônomos, geógrafos e de técnicos ligados a essas áreas), os concursos públicos têm incluído o geógrafo em suas seleções. Acho que é um mercado emergente, dada a necessidade se contar com profissionais com conhecimento em estudos de geoprocessamento e de sensoriamento remoto. Outra atividade, que é muito requisitada, é a docente, por ser uma atividade pouco remunerada, existe pouca procura. Mas com o piso nacional do professor, sancionado pelo Presidente Lula, essa atividade tende a ser valorizada.

Não tenho informações precisas sobre o salário médio dos geógrafos mas, levando em conta o serviço público, está por volta de 6 a 8 salários mínimos, já os professores, da rede estadual (RS), por volta de 3 salários mínimos (com o novo piso, deve aumentar bastante).

Dentro da graduação em Geografia da UFRGS, onde estudei, são ministradas cadeiras de geologia, geomorgologia, climatologia, cartografia, estatística, ecologia, topografia, epistemologia, geografia urbana e rural, informática, entre outras, tudo isto com muitas saídas de campo.

Espero que eu tenha ajudado as pessoas que me pediram alguma informações sobre esta ciência.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

A luta contra a fome: Bolsa Família, uma arma eficaz



E por falar em pobreza, no início de agosto, foi publicado um estudo onde mostra que pobreza continua a diminuir no Brasil, tendo que atingir, este ano, 24,1%, enquanto a classe média já representa 52% da população ativa.

Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, a taxa de pobreza, que era de 35%, em 2003, continua a tendência e deve baixar até o fim deste ano para 24,1%.
Segundo o estudo, cerca de quatro milhões de pessoas superaram a linha da pobreza entre 2002 e 2008 nas seis cidades estudadas e ingressaram na classe média emergente.

O organismo estatal atribuiu a redução da pobreza ao crescimento da economia (5,4 por cento no ano passado), ao aumento do emprego e aos programas sociais (Bolsa Família) lançados por Luiz Inácio Lula da Silva desde que assumiu a Presidência, em 2003.

Os programas distribuem subsídios a cerca de 11 milhões de famílias pobres para ajudá-las a melhorar o seu rendimento. O estudo considerou como estando abaixo da linha da pobreza as pessoas com um rendimento 'per capita' igual ou inferior a meio salário mínimo, ou seja, 207,50 reais.

Mesmo assim, ainda há no Brasil, mais de 11 milhões de indigentes (6,6% da população), que sobrevivem com valores mensais inferiores a um quarto do salário mínimo.

Por potro lado, quando se fala do Bolsa Família, como sendo um programa "assistencialista", onde as pessoas que recebem o benefício se "acomodariam", o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) desenvolveu uma pesquisa mostra que o Bolsa Família funciona como um microcrédito e estimula a procura por um emprego. Ou seja, segundo o PNUD, os beneficiados pelo Bolsa Família não deixam de procurar emprego por causa da renda extra que o programa oferece Leia aqui.

E mais, pessoas que são beneficiadas pelo programa, ao conquistarem um emprego, pedem o cancelamento do cartão espontaneamente. Em outra pesquisa, desta vez realizada pelo Instituto Brasileiro de Análise Social e Econômicas (Ibase), no ano passado, demonstrou que 87% dos beneficiários do programa Bolsa Família gastam o dinheiro do benefício, principalmente, com alimentação leia aqui.

Independente de "Capitalismos" e "Socialismos", o que importa é melhorar a vida das pessoas, e os governos, têm a obrigação de fazer TUDO para que isso ocorra.

Estamos no século XXI.


Não podemos ser coniventes com a barbárie.

O maniqueismo Capitalismo/Socialismo e a cortina de fumaça na visão de sociedade




Quando se fala dos problemas humanos, da miséria e da fome que assola mais de 300 milhões de pessoas na Terra, assim como a falta de investimentos em saúde, educação e saneamento. Também na depredação da natureza e dos recursos naturais, sem nos esquecermos da na nossa intolerância com o outro, na aceitação da multiplicidade de visões de mundo, que é a característica de sociedade, sempre vemos pessoas tentando fugir da sua responsabilidade por tudo o que está aí, do que está posto para nós, em baixo dos nossos narizes.

Sempre tentamos nos eximir de nossa culpa. Então, colocamos a culpa em alguém.

Para tanto, muitas pessoas, ao invés de agirem para melhorar o mundo, colocam a culpa no Socialismo ou no Comunismo (bobo, feio e malvado) e assim, lavam as mãos dessa triste realidade.

É claro, a culpa só pode ser do Socialismo e/ou do Comunismo, pois estes são, inegavelmente, os sistemas vigentes em TODO o mundo. Os Estados Unidos, são socialistas, a Europa também, a Ásia, a África, a Oceania e América do Sul, todos... todos os 6 bilhões de pessoas.

Portando, temos de acabar com estes sistemas que estão levando as pessoas a morrerem de fome.

Mas fiquem tranqüilos, quando o Capitalismo for implantado no mundo e, é claro, no Brasil. Quando adotarmos práticas neo-liberais e privatizarmos a saúde, educação, saneamento, e a vida, tudo vai melhorar.

Ou quem sabe, se o Capitalismo não for implantado no Planeta, quem sabe, se os que ficam em casa, reclamando dos pobres que "infestam" as ruas, esperando as coisas mudarem, resolvam fazer algo para melhorar a vida humana... as suas vidas valham a pena.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Quanta intolerância - querem decretar o fim da miséria


Tantos problemas enfrenta nossa "mui leal e valorosa" e a Zero Hora, em uma matéria(?) intitulada, Como se fossem os donos da rua, insiste em criminalizar a miséria que assistimos nas esquinas da cidade. Não posso aceitar, de maneira alguma, os motivos que esse "jornaleco", panfleto do clã Sirotzky, emprega para impor a sua visão (cega) de sociedade. Ao invés de tratar como bandidos e criminosos, as pessoas que se amontoam sob as marquises, deveriam analisar e combater as suas causas.

A sociedade excludente, não trata seus membros desfavorecidos de forma minimamente humana. Os "perdedores" não merecem sequer ter a rua como moradia pois, conforme o panfleto das margens do Dilúvio, eles constrangem as pessoas que passam com seus "carrões" pelos locais onde se reúnem, na sobrevivência diária, incerta.

Mais uma pseudo-matéria desse jornalzinho preconceituoso, tem o claro objetivo de, subjetivamente, formar um consenso no seu público que, "essa" gente, tem de ser banida das ruas.

Ora, isso é de uma insensibilidade incomensurável dos empregados do seu Maurício ou, quem sabe, sejam obrigados a fazer o trabalho sujo do seu patrão.

De qualquer maneira está lá nas suas páginas, para quem quiser ver:

A intolerância.

Mas isso não é exclusividade da ZH. O Correio do Povo, do Bispo(?) Edir Macedo, também está nessa cruzada. Fizeram uma "pesquisa" (leia aqui) que constatou a necessidade de, o próximo prefeito(a), liberar as ruas desse "lixo" humano.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Essa do Kaiser e muito boa


O mito da degola da Praça da Matriz


Este post é meio longo, mas vale a pena ler:

Porto Alegre (RS) - Apenas depois de 18 anos de sua morte, o cabo Valdeci de Abreu Lopes recebeu uma homenagem de sua corporação, a Brigada Militar. Na última sexta-feira, dia 8 de Agosto, mais de cem policiais militares realizaram uma cerimônia em memória do colega, morto durante conflito com sem terra em Porto Alegre em 1990. O confronto na Praça da Matriz ficou conhecido pela morte do policial, que na época foi retratada pelos jornais como a "degola". No entanto, livros e documentos posteriores contestam a versão. É o caso do livro "De como a mídia fabrica e impõe uma imagem – A ‘degola’ do PM pelos sem-terra em Porto Alegre", da jornalista e socióloga Débora Franco Lerrer. Na entrevista a seguir, a autora fala como os meios de comunicação criaram o mito da "degola". Também mostra que a morte do cabo Valdeci, uma das vítimas, apenas é reavivada hoje para criminalizar o MST.


Reportagem: Raquel Casiraghi com a Jornalista e socióloga Débora Franco Lerrer, jornalista e doutora em Ciências Sociais, Débora Franco Lerrer, fala em entrevista como os meios de comunicação criaram o mito da "degola" do policial durante conflito entre sem terra e a Brigada Militar em Agosto de 1990, na Praça da Matriz [Porto Alegre]. Também mostra que a morte do cabo Valdeci de Abreu Lopes, uma das vítimas, apenas é reavivada hoje para criminalizar o MST.
Qual foi a principal conclusão a que chegaste em teu livro? A conclusão a que eu cheguei é que a imagem pública do que ocorreu no dia 08 de Agosto de 1990, construída pela mídia, é uma ficção. O modo como os meios de comunicação retrataram o violento conflito que ocorreu na Praça da Matriz [centro de Porto Alegre] e que teve um desdobramento trágico na Esquina Democrática é uma ficção. O meu objetivo de escrever a dissertação e publicar o livro foi para que se tivesse uma outra memória do ocorrido. Porque quando os jornais vão falar hoje do episódio, eles recorrem aos seus próprios arquivos, reiterando a ficção. Eles não vão atrás de novos conhecimentos ou pesquisas. E futuramente estes arquivos serão os históricos, os que as pessoas terão para ler.


No que as tuas investigações diferem do que foi retratado pela mídia? Não é que não tenham [os jornais] retratado o ocorrido em alguns momentos, mas a imagem que ficou é uma imagem ficcional. Fiz meu estudo a partir de pesquisas, de entrevistas dos profissionais que fizeram a cobertura na época, em cima dos laudos do processo judicial e dos atores do processo [sem terra e brigadianos]. O inquérito é uma fonte riquíssima sobre o episódio, é dele que eu tiro grande parte das informações que desconstroem essa ficção. O que eu posso dizer é que basicamente houve uma quebra de hierarquia na Praça da Matriz, em que a Brigada Militar desencadeou uma operação perigosa naquele cenário. Iniciou o despejo dos colonos, como os sem terra eram chamados na época, sem ordem do governador em exercício e em plena negociação. O despejo foi violento, com a polícia entrando em choque, alegando que um sem terra tinha atirado uma pedra em um policial. Uma pedra teria sido o que desencadeou a ira, a ação da Brigada Militar. Muitos colonos fugiram e, um pouco longe da Praça da Matriz, já na Esquina Democrática, um grupo de sem terra encontrou o cabo Valdeci de Abreu Lopes sozinho. E, naquele momento, aconteceu o entrevero em que o policial foi morto. É muito difícil dizer quem começou e quem terminou o desastre, mas determinadas coisas estão claras para mim, a partir das leituras que fiz em cima do laudo de necropsia e do que está nos autos do processo judicial. Segundo os documentos o cabo Valdeci, despreparado e possivelmente amedrontado, vendo aquela massa de colonos correndo rua abaixo, pegou o revólver e atirou três vezes. O revólver dele tem percutido três balas. Essas balas atingiram uma mulher [Elenir Nunes] e outra pessoa, na perna. E foi nesse episódio em que ele foi morto. O curioso do inquérito policial é que inverte a situação. Fica subentendido que Valdeci teria dado o tiro na Elenir depois de ele ter sido golpeado por uma faca.

E por que isso não teria acontecido? Por que é impossível o policial ter recebido o golpe e depois atirar, por exemplo. Quando a artéria carótida é atingida, a pessoa perde a reflexão e morre muito rapidamente. Claro que a pessoa que atacou o soldado tinha conhecimento disso, porque é assim que se matam os animais no campo. Mas foi uma reação que se assemelha, muito provavelmente, à legítima defesa. Não é natural, entre as pessoas, atacar um policial na rua. No meio do conflito, o cabo Valdeci pode ter sido atacado por uma foice, mas não foi isso a causa da morte. É uma situação muito triste, uma tragédia, mas que tem que ser colocada neste contexto: centenas de pessoas estavam sendo atacadas pela força policial e estavam desesperadamente em fuga quando encontraram o policial. Tem que ser colocada a verdade.

Na tua opinião, quais são as ficções retratadas pelos jornais da época? Eles continuam reiterando o que os laudos de necropsia deixaram evidente. O golpe que causou a morte do cabo Valdeci foi feito por arma branca, porque o tipo de corte por uma faca ou um canivete é completamente diferente do corte que faz uma foice. A foice precisa de força para cortar, já a faca é afiada, então ela faz um corte 'limpo', de botoeira. Não quero diminuir a importância da morte do soldado com esse debate de que se foi com foice ou não. Só quero mostrar que a própria 'degola', como os jornais chamam, é toda uma construção do imaginário e, no fundo, uma ficção. O que se imagina com a palavra 'degola'? Classicamente, nos parece o corte de orelha a orelha, como se fazia no RS durante a guerra civil. É óbvio que em um estado como RS, que teve uma guerra civil entre 1893-1895entre gaúchos em que houve execuções com base na degola, este tipo de morte está muito presente no imaginário do povo. Só que a degola é um processo de execução. Quando os jornais falam na degola do policial, imagina-se que o sem terra cortou totalmente o pescoço de Valdeci, mas não foi isso o que aconteceu. No caso do conflito, foi um corte muito pequeno, mas preciso, na artéria carótida, e aí a pessoa morre na hora.

Há outras ficções além da degola e da foice? Outra ficção muito séria para mim é a Elenir Nunes, que foi vítima e depois foi tornada culpada pela morte do soldado. Ela sobreviveu ao tiro que levou do policial, mas não há a bala para comprovar. O tiro entrou no abdômen e transpassou todo o corpo dela. Mas mesmo assim Elenir, que levou o tiro, foi condenada como co-autora pela morte do soldado. Não quero justificar a morte de Valdeci, porque as mortes não se justificam. Mas quero mostrar que, no contexto da luta pela reforma agrária na época e ainda hoje se explica porque os meios de comunicação e demais forças sociais vivem reiterando essa história que não é verídica. Porque querem classificar o Movimento Sem Terra [MST] como violento, que é criminoso, 'vejam, ele matou um policial'. E as coisas não são assim. O MST, do modo que promove a luta pela reforma agrária com as ocupações massivas por famílias, é uma forma inclusive de defesa. Porque no momento em que se junta muita gente para fazer uma ocupação fica-se menos vulnerável a ataques de jagunços e de forças paramilitares. Existe uma tentativa de coibir esse processo de violência. E se no RS o MST não é vítima de paramilitar ou jagunço, no resto do país essa técnica de luta é central, fundamental. É um movimento mais de contra-violência do que de violência, como tentam classificar.

Como foi construído esse imaginário da degola? Entrevistei jornalistas da época e coloquei estas questões. As respostas foram inacreditáveis. Perguntei porque eles não olharam o laudo de necropsia e eles me responderam que não tinham se dado conta. Isso é uma grave falta jornalística. Os jornalistas têm consciência de que era uma informação relevante que não foi tocada e nem apurada. O editor da Revista Veja, na época, me falou que a reforma agrária tinha se tornado umamedida discricionária devido à derrota na Constituição de 88. Ou seja, tinha uma vontade de criminalizar sim o MST, que estava insistindo na questão da reforma agrária. Temos que levar em consideração que era o primeiro ano do governo Collor e todo mundo queria jogar esse debate para debaixo do tapete. E de repente vem um movimento social, o MST, com a bandeira da reforma agrária que foi importante no combate à Ditadura Militar e na reorganização das forças democráticas no país. Era uma demanda histórica, que existia desde a década de 60, que estava sendo reavivada. E a gente não pode esquecer que o jornalismo precisa de motes publicitários para vender suas notícias. A batalha campal na Praça da Matriz e, principalmente, a tragédia na Esquina Democrática, são casos que chamam a atenção. E usar a 'degola', usar a figura da 'foice', foi um mote que 'pegou' no imaginário. À medida que entrevistei esses jornalistas, vi como se formou esse imaginário.

Mas o livro mostra que alguns jornalistas tiveram outras posturas? Sim, tenho que ressaltar algo que é muito importante. Ao mesmo tempo em que alguns jornalistas contribuíram para a criminalização do MST com as suas versões da história, foi de um outro grupo de jornalistas vinculados ao sindicato e que lançou um jornal [o COOJORNAL] a única versão mais aproximada do que aconteceu. E foi desses jornalistas também a gravação que ajudou a absolver o sem terra que era considerado o principal acusado como assassino do soldado, Otávio Amaral. Então existe essa ambigüidade na imprensa. Sua atividade é central para o debate público e saudável na sociedade. Ela tem armas e é poderosa para estabelecer um diálogo, um debate em uma sociedade que tem que resolver os seus problemas sociais. No entanto, o que se vê hoje é que a gente piorou em termos de imprensa, porque ao invés de aprimorar a leitura dos episódios, do que ocorreu no passado, ela reitera uma ficção. A imprensa tem papel fundamental para dar visibilidade para as questões e lutas sociais e poderia ser um ambiente saudável para colocar as forças que estão se confrontando em diálogo. Dando visibilidade para as demandas, explicar porque estas não podem ser atendidas, se for o caso. No entanto, não é isso o que me parece que está acontecendo no RS. Essas reportagens que foram feitas sobre a homenagem ao cabo Valdeci depois de 18 anos de morto apenas cristalizam o episódio sob o ponto-de-vista hegemônico, sem levar em consideração todas as versões que existem. Não se aprimorou a leitura do passado. Ao contrário da História, que pretende, com novos dados, fazer a leitura do que aconteceu.

Há formas de desfazer um imaginário construído pela mídia? Para isso a gente tem que ter meios de comunicação que de alguma forma combatam a desinformação, mas também precisamos aprimorar a educação das pessoas. O que vejo é muito jornalista despreparado, que não conhece nem a história do próprio país. Não conhece a história das lutas sociais, não sabe do que se trata e assim reitera o ponto-de-vista dominante, muitas vezes sem elementos. É a desinformação que é a grande arma dos que são contra a luta da reforma agrária e dos que são contra os movimentos sociais. As organizações, como o MST, somente aparecem na mídia quando há um embate violento, quando há algum grande fato escandaloso. Nunca se mostra o aspecto positivo dessa luta e que deve ser conhecido pela sociedade brasileira. A população só conhece o MST pelos conflitos que, com sua luta, ele provoca. E não aquilo que o movimento constrói. São pessoas que lutam e estudam para permanecer no campo, não querem ir para a periferia das cidades. Querem ter dignidade. O MST investe em educação e em formação técnica. É uma pena que a sociedade brasileira não saiba o que ela foi capaz de construir. E acho uma pena, particularmente no RS, um estado com uma história de luta política muito importante, que tem tradição histórica política, e que não promove a visibilidade para o outro lado da moeda. Isso impede que os movimentos sociais se catalizem na sociedade, o que é muito saudável. Os conflitos nunca vão deixar de existir; sempre terá pessoas com posições diferentes. Mas precisamos conhecer a integridade de uma posição para ter a nossa própria. E não é isso o que acontece quando se reduz um movimento social a um agente violento e criminoso, como se ele somente tivesse essa face. O que me entristece é que essa face pública não condiz com a riquíssima vida interna que o MST promove.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Yeda está se enforcando



A cada dia que passa e a uma nova "explicação" sobre a compra da casa do espanto pela bruxa Yeda, a sua proprietária, vai se enrolando em suas próprias explicações. A sua situação (delicada) exigiu um "bom" advogado, dois contadores e uma reunião, chamada as pressas com os deputados, para explicar a tal aquisição.

Na reunião, que era para TODOS deputados, apenas apareceram 9 (nove) da dita base aliada (e olha que a base aliada conta com 33 deputados).

O advogado contratado, explicou mas não apresentou documentos que comprovem que não existe nada de ilegal ou imoral na aquisição da sua fina residência em um dos bairros mais chiques de Porto Alegre.

E isso que a rainha das pantalhas, no início da polêmica, disse que podia explicar facilmente a transação.

Já se vão mais de três meses e a tal explicação não vem.

Desse jeito, a bruxa Yeda, vai acabar se enforcando com as próprias mãos.

A RBS, através dos seus fantoches, faz um esforço sobre-humano para defender a "des"governadora.

Sem sucesso...

O referendo e a cultura colonialista



Desde a chegada dos "colonizadores" às terras americanas, a elite branca, representada principalmente por espanhóis, ingleses e portugueses, houve um continuado extermínio aos povos nativos do novo continente, com o claro objetivo de tomar suas terras e riquezas. Para que isto se concretizasse, os europeus praticaram as mais variadas atrocidades e, de quebra, impuseram um modelo social alienígena que nada tinha em comum com as crenças e modo de vida dos povos conquistados.

Durante os quinhentos anos que se seguiram, os povos nativos (chamados indevidamente de índios), foram subjugados a essa "ordem" social imposta, onde suas riquezas e dignidade, foram sendo suprimidas em favor da prosperidade da elite branca colonialista.

A América Latina, é exemplo típico desse modo de conquista de terras e riquezas (não se pode esquecer que, a África, também sofreu e sofre as conseqüências do colonialismo).

Com tudo isso, o colonialismo, resiste. E está representado no continente americano pelos grandes grupos econômicos – as corporações, que detêm o monopólio da exploração da commodities, da mídia, dos governantes e da justiça. Assim, continuam a explorar o povo e a sua riqueza, sem serem importunados.

Ao longo do tempo, seguidas ditaduras militares serviram a este propósito. Pois os tiranos acabavam com a oposição e com a resistência do povo a essa espoliação continuada.

Mas, aos poucos, está havendo uma mudança nessas relações. Com a eleição dos chamados "esquerdistas", a democracia começou a se concretizar e isso incomoda a quem está acostumado a impor.

Muitos países estão passando por mudanças e, por isso, conflitos.

A Bolívia é palco de uma quase guerra civil. De um lado a elite branca, que representa os interesses das corporações e, de outro, do povo (indígena ou não), que quer melhorar suas condições de vida. Assim, neste final de semana, aconteceu um referendo revogatório na Bolívia, que tinha como meta, ratificar ou não, o governo do presidente Evo Morales e seu vice, e de oito governadores. O resultado manteve Evo com mais de 65% dos votos, assim como seis governadores.

O que isto representa?

Para mim, é a mostra de que, o mundo tem jeito (mesmo que demore). Aos poucos, as mudanças vão acontecendo e, os conservadores, defensores incondicionais do colonialismo, vão perdendo a sua força junto a opinião pública, que poderá fazer a diferença. Mas, enquanto os grandes grupos econômicos e seus interesses, mantiverem seu poder, será um grande empecilho a essas mudanças.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Revisão grátis para o Vestibular UFRGS 2009


Peço a todos que por aqui se aventuram, divulgar um evento de um projeto de educação popular que participo a oito anos como professor e coordenador.

O projeto tem como objetivos, proporcionar aos alunos de baixa renda, oriundos de escolas públicas, uma real poprtunidade de concorrer, em igualdade de condições, ao Vestibular da UFRGS ao mesmo tempo que promove a formção do cidadão crítico, assim como dar oportunidade de prátia de ensino aos alunos de licenciatura da UFRGS.

O corpo docente do Pré-Vestibular Popular é formado por pessoas engajadas e voluntárias que, além dos alunos de semestres finais da licenciatura da UFRGS, também estão mestres e doutores, que participam a mais tempo do projeto.

Assim sendo. a Organização Não Governamental para a Educação Popular – ONGEP, promove uma Aula Grátis do Pré-Vestibular Popular, com revisão para o Vestibular 2009 da UFRGS. A aula será realizada na sede da ONGEP, na Rua dos Andradas. 691 sala 11, no dia 20 de agosto próximo, em dois turnos: na tarde, das 14 às 17 horas e na noite, das 19 às 22. As inscrições são limitadas e podem ser feitas pelo site: http://www.pvp.ongep.org/, até o dia 20 de agosto.

Valeu...

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Não é mole não, que tem Yeda, não precisa de...

São os tempos modernos. A velocidade dos acontecimentos é tanta que, as vezes, não temos tempo de assimilar um fato, que outro já nos chega.

Três eventos são o exemplo do que digo, no que se refere, logicamente, a nossa desgovernadora, a rainha das pantalhas, a bruxa Yeda.

O mais emblemático e significativo, é a entrevista que o principal acusado do roubo de mais de 44 milhões do Detran, Lair Ferst concede a Folha de São Paulo, onde diz que está "magoado" e vai dar com a língua nos dentes e vai envolver (delatar) a Yeda e mais uns dez integrantes do governo do PSDB/DEM do RS.

A gata "véia" subiu no telhado...

O estoque de Lexotan das farmácias de Porto Alegre de sofrer uma limpa...

Outro fato foi a generosidade da Assembléia Legislativa que concedeu (a oposição não votou, se absteve) um aumento salarial de quase 150%, que foi estendido, com índices menores, ao Vice e Secretários de Estado, enquanto isso, outras categorias de servidores estaduais, mal ganha uma reposição de 5,9%, é mole?

Mas o pior é que, a Yeda está encabeçando uma frente de executivos para questionar o piso nacional dos professores.

Vejam que bruxa malvada a yeda é...

Ela pode levar o gordo aumento prá casa, mas professor não merece...

É... Assim como são as pessoas e são as criaturas...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Navio sem rumo


O "des"governo Yeda acumula recordes atrás de recordes. É recordista em falcatruas, truculência, autoritarismo, descaso e assim por diante. Sem falar nos escândalos em órgãos e autarquias diretamente ligadas ao Piratini.

Mas, não contente com esses recordes, a tia Yeda agora, acumula mais um.

Em um ano e sete meses, a nossa destrambelhada rainha das pantalhas já torcou 19 (dezenove) secretários de governo. Quer dizer, um por mês. Deve-se dar uma ênfase especial à Secretaria da Segurança, onde nada mais nada menos que, três secretários já passaram pela pasta. Sendo que, o último, um General (que pompa, não é?).

Mas o que isso representa?

Representa a falta de rumo, de objetivos, de postura, de credibilidade, e assim por diante... de um "des"governo que não sabe para quê foi eleito. Ou melhor, sabe sim, está aí para "ajudar" os seus financiadores.

É um arremedo de governo, que já é chacota para o Brasil todo.

Era este o "novo jeito de governar"?

Agora se pode ver claramente o papel e o poder da mídia em defender seus interesses e o interesse dos seus patrocinadores. Sem que o povo se dê por conta, como uma manada de bois, "concordinos", são guiados ao matadouro, levados a votar em quem eles querem. Está aí...

Muita coisa, com toda a certeza, ainda vai "agitar" o RS, pois com esse "des"governo, tudo pode acontecer.

Pobres de nós...

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Para quem vai a revitalização do cais do porto de Porto Alegre?

A "gentrification", termo empregado para definir a revitalização e a qualificação de áreas degradadas nas cidades, sempre foi alvo de críticas por parte dos profissionais e estudiosos ligados ao urbanismo, que se preocupam com as questões sociais das cidades. Do ponto de vista do dsigner urbano, a gentrification, pode significar a remodelação e a reutilização de espaços das cidades que tenham sido "esquecidos" ao longo do tempo, tanto por um "envelhecimento" da infra-estrutura quanto pela mudança de hábitos da população, que busca outras áreas para a sua convivência, abandonando-as. Mas também pode ser uma maneira de privatizar ou semi-privatizar o espaço urbano.

Estas críticas dizem respeito, principalmente, quando aos novos objetivos, os novos rumos da utilização dessas áreas e para quem é destinado esses complexos, assim como quem vai se beneficiar com a sua utilização.

Os grades centros urbanos, via de regra, possuem áreas degradadas. Dessa maneira, várias cidades no mundo, já realizaram a gentrification de suas áreas urbanas degradadas. Berlim, Londres, Montreal, Buenos Aires, Rio de Janeiro, entre outras, implementaram a recuperação de áreas abandonadas, principalmente áreas portuárias que, devido a modernização modal do transporte hiroviário, não mais serviam a esses objetivos.

Mas a critica vai, principalmente, para quem é feita essa gentrificação. Pois, como se sabe, os empreendedores, ao aplicarem recursos nesses projetos, logicamente esperam o retorno do capital investido, e com lucros, além de esperar que, o seu nome esteja associado a empreendimentos de alto status. Então, essas áreas, são preferencialmente destinadas a população com poder aquisitivo superior. Esses projetos também tendem a valorizar o seu entorno, onde as construções vão ter seus preços majorados significativamente.

Que isso representa? Representa o afastamento da população de classes socio-ecomômcas menos favorecidas. Pois os estabelecimentos (restaurantes, lojas, teatros, cinemas, etc.) que se instalam nessas áreas, estão voltados aos endinheirados, aos que podem pagar para usufruir desses espaços requintados. Por outro lado também, as pessoas que outrora residiam nessas áreas ou no seu entorno, são obrigados a se deslocar para outras áreas da cidade, onde tenham custos mais baixos para morar e viver.

Em suma, a gentrificação, como ferramenta de valorização do espaço urbano, tal como é proposta, particularmente para o porto de Porto Alegre, tende a afastar a população local, trazendo uma "outra" população, os que podem pagar. Essa qualificação do espaço urban, por conseguinte, é excludente, pois não contempla a população da cidade como um todo.

Não é por essa crítica que devemos pensar que não se deva qualificar o espaço urbano. Mas essa qualificação deve ser pensada de maneira a integrar esses espaços ao todo urbano. Na maioria das vezes, o que ocorre, não é a integração, mas sim a fragmentação do espaço urbano, onde somente os grandes empreendedores e uma minoria dos munícipes pode usufruir dessas melhorias.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Montanhas de papel, montanhas de injustiça

Existem atualmente no Mundo, uma meia dúzia de grandes conglomerados que detém o poder e o capital do palneta.



No ramo da celulose e do papel, temos algumas expandindo seus "negócios" no Rio Grande do Sul, com o total e irrestrito apoio da Yeda e da mídia vendida.



Dizem que vão trazer o "desenvolvimento"



Pura falácia, eles querem mesmo é o lucro, o resto que se exploda.



Vejam no link a baixo as imagens do vídeo Montanhas de papel, montanhas de injustiça, produzido pelo WRM - Movimento Mundial pelos Bosques Tropicais:



http://www.wrm.org.uy/Videos_Esp/Consumo.html

Para onde vamos?


Quando se fala em "desenvolvimento sustentável", sempre nos vêm a mente que, tudo que temos de conforto, pode ser produzido sem agredir a natureza e a sociedade. Mas isso é pura ilusão. Todos os produtos que consumimos tem um custo ambiental. As vezes altíssimos.

Se olharmos a nossa casa, em nossa volta, veremos que nada se produz para, simplesmente, suprir as nossas necessidades mais prementes. Talvez se pode dizer que, a grande maioria das "coisas" que consumimos servem para a simples satisfação dos nossos desejos mundanos.

Não compramos uma calça ou um sapato, por exemplo, para ficarmos aquecidos do frio. Compramos a calça ou o sapato pela marca e pelo que ela representa – status.

As grandes corporações, sabedoras da vaidade humana, se aproveitam para impor seus ideais e, auferir lucros. Por esse objetivo, manipulam as mentes (marketing) no sentido de "criar" necessidades, usurpam da Terra os seus valiosos recursos, escravizam pessoas e poluem o ambiente sem que sejam importunados por isso ou, pelo menos, cobrados por isso.

Quem se dá conta desse arranjo, está sempre a cobrar dos governantes que estes tomem atitudes reguladoras e que coíbam os abusos. Mas na realidade, eles nada podem fazer contra a ganância do capitalismo, pois precisam peles para continuar no poder. Estamos todos sucumbidos a vontade dos grandes grupos econômicos.

Esses grupos, detém poderes inimagináveis. Financiam campanhas políticas. Compram a mídia.

Têm as instâncias jurídicas dominadas por ardilosos advogados, que "tudo" resolvem. Assim, seguem impunes na inexorável destruição da vida na Terra.

Somente os ingênuos ou os inescrupulosos podem achar que está tudo bem.

Esses, repetem os ideais dessas corporações, pensando que estão fazendo o seu melhor, contribuindo para o "bem" da humanidade.

Coitados de nós...