terça-feira, 28 de agosto de 2012

Estamos vivendo no cartão de crédito ecológico.. os humanos enfiaram o pé na jaca!


Desde o dia 22 de agosto deste ano, entramos no cartão de crédito ecológico. Isso quer dizer que, nos primeiros oito meses do ano, os seres humanos consumiram a totalidade dos recursos que a terra é capaz de produzir ao longo de um ano. Gastamos tudo e agora, para enfrentar o resto do ano, vamos afundar o pé no crédito. No dia 22 de agosto, alcançamos o que a organização Global Footprint Network (GFN), sediada em Genebra, denomina de « Global Overshoot Day », ou « Dia do Excesso Global ». Em 2012, o « Global Overshoot Day », que é medido desde 2003, foi alcançado 36 dias antes do que ocorreu em 2011. Desde que o índice é medido, aponta a GFN, os recursos do planeta vêm sendo consumidos cada vez com maior rapidez.

Para definir esse índice a organização utiliza a medida do hectare global (hag), mediante o qual compara a biocapacidade do planeta com o consumo de cada país. A situação hoje é a seguinte : para manter o padrão de consumo atual precisaríamos de meio planeta suplementar. Entre os anos 60 e hoje, os recursos planetários caíram pela metade, enquanto o consumo disparou. Segundo a Global Footprint Network, os Estados Unidos e o Brasil alcançaram antes dos demais países o dia do excesso, em 26 de março e 6 de julho respectivamente. Se todo o planeta necessitar dos recursos consumidos pelos Estados Unidos e pelo Brasil seria necessário mais 4,16 e 1,9 planetas para satisfazer a demanda.

Os principais responsáveis pelo déficit são as emanações de dióxido de carbono, as mudasnças climáticas decorrentes delas e a exploração dos recursos naturais. As implicações são dramáticas : diminuição das florestas, perda de espécies, colapso da pesca, aumento dos preços dos alimentos básicos : « as crises ambientais e a crise financeira que estamos enfrentando são os sintomas de uma catástrofe iminente. A humanidade está simplesmente usando mais do que o planeta pode prover », diz a Global Footprint Network .

O informe deste ano aponta que, entre 1970 e 2008, a biodiversidade planetária caiu cerca de 30%. A cada ano desaparecem 0,01% das espécies e o déficit ecológico vem crescendo de maneira exponencial há 50 anos. Diante da inércia dos governos e das entidades internacionais diante desse quadro de destruição ambiental, o coordenador da GFN, Mathis Wackernagel, acredita que a natureza vai acabar se encarregando de « resolver o problema : « a recuperação só poderá ter êxito se for acompanhada de reduções sistemáricas de nossa demanda de recursos e serviços ao ecossistema . Se isso não ocorrer, o desastre se encarregará de fazê-lo ».

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