domingo, 21 de dezembro de 2008

Privatização do espaço público: quem ganha com isto?








É uma terra de ninguém, quer dizer, de "alguns"... Porto Alegre, parece, só serve para as negociatas e as falcatruas.
Hoje, domingo, fui pedalar na orla do Guaíba, quando me deparo com uma coisa muito triste, para não dizer pior. Não se preserva a pouca natureza presenta na cidade e, ainda, o que existe dela é usurpado para dar lucro.

Vajam só, um estacionamento sobre a grama do Parque da Harmonia.
Um cara cercou o gramado, com seus frequentadores, e começou a colocar os carroas alí, em meio as pessoas, na cara dura, a DEZ REAIS.

Fui perguntar ao administrador do "negócio", que estava estacionando os carros, e perguntei se podia estacionar no parque e ele me disse:

"... é por causa da árvore da RBS... e foi feita uma exceção".
Aí eu me pergunto?

Quem está se beneficiando do espaço que deveria ser ocupado pela população?

Quem fez esta "exceção"?

E assim vamos indo...










quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Justiça & justiça

Dia 9 de dezembro último, a Polícia Federal prendeu, no estado do Espírito Santo, o Juiz Frederico Guilherme Pimentel, e desbaratou, em Vitória, uma quadrilha que, segundo os investigadores, negociava decisões judiciais. Também foram presos os desembargadores Josenider Varejão Tavares e Elpídio José Duque. Na casa deste último, a PF apreendeu R$ 500 mil em dinheiro. O filho do presidente do Tribunal, Frederico Luís Schaider Pimentel, que é juiz do município de Cariacica (Grande Vitória), também foi preso. A cunhada dele, Bárbara Pignaton Sarcinelli, diretora de Registro do tribunal, e o advogado Paulo Duque também foram detidos sob a acusação de envolvimento no esquema. Leia a matéria completa aqui.

Este fato demonstra que, o poder e o dinheiro, estão intimamente infiltrados nos Tribunais de Justiça, influenciando nas decisões. Assim sendo, existe justiça e outra justiça. Que tem dinheiro e (ou) poder, tem a justiça a seu favor. Agora, quem nada tem, depende única e exclusivamente, da "boa vontade" de quem tem o martelo na mão.



Mas o que mais me indigna é que, isso ocorre em todos os níveis de poder constituídos. Mas na justiça é mais injusto (desculpe o trocadilho), Pois quem deveria sanar, através de decisões isentas, as injustiças, acaba por legitima-la. Basta ver casos como o de Daniel Dantas, no STF, de votações viciadas no Legislativo e assim por diante.



Salve-se quem puder...

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Adam Smith e Marx dialogam sobre o desmonte do capitalismo financeiro



Por Antoni Domènech, catedrático de Filosofia Moral na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Barcelona e editor da revista SinPermiso, extraído de Carta Maior.

"O que aconteceu nos últimos 30 anos no mundo vai contra tudo o que tu e eu, como economistas e como filósofos morais, queríamos", diz Adam Smith a Karl Marx", num diálogo imaginado pelo professor Antoni Domènech, professor de Filosofia da Universidade de Barcelona. No diálogo, eles conversam sobre a situação do capitalismo, defendem a atividade econômica geradora de riqueza e criticam os parasitas rentistas que buscam o lucro a qualquer preço.

Karl Marx: Viste, velho, que esse menino, Joseph Stiglitz, anda dizendo por aí que o colapso de Wall Street equivale à queda do Muro de Berlim e do socialismo real?

Adam Smith: Não é para ficar contente, nem eu nem tu. E tu, menos ainda que eu, Carlos.

Karl Marx: Cara, por conta do suicídio do capitalismo financeiro, meu nome voltou a estar na moda; meus livros, segundo informa o The Guardian, se esgotam. Até os mais conservadores, como o ministro das finanças da Alemanha, reconhecem que em minha teoria econômica há algo que ainda vale à pena levar em conta...

Adam Smith: Não me venhas agora com vaidades acadêmicas mesquinhas post mortem, Carlinhos, já que em vida jamais te abandonaste a esse tipo de coisa. Eu falo num sentido mais fundamental, mais político. Nenhum dos dois pode estar contente e, te repito, tu menos ainda que eu.

Karl Marx: Sim, e aí?

Adam Smith: O “socialismo real” que se construiu em teu nome e não tinha nada a ver contigo. Pelo menos tu, sim, te identificaste como “socialista”. Eu, por outro lado, nem sequer jamais chamei a mim mesmo de “liberal”! Isso de “liberalismo” é uma coisa do século XIX (a palavra, como tu sabes, foi inventada pelos espanhóis em 1812), e vão e a atribuem a mim, um cara que morreu oportunamente em 1793. É ridículo!Como isso foi me acontecer?

Karl Marx: Já vejo por onde estás indo. Queres dizer que nem a queda do Muro de Berlim nem o colapso do capitalismo financeiro em 2008 têm muito a ver nem contigo nem comigo, mas que, ainda assim, nos jogam as responsabilidades?

Adam Smith: Exatamente. Mas em teu caso é pior, Carlos. Porque tu, sim, te disseste socialista. A mim pouco importa o “liberalismo”, qualquer liberalismo. Não há o que explicar a ti, precisamente um de meus discípulos mais inteligentes, que nem minha teoria econômica nem minha filosofia moral tinham nada a ver com o tipo de ciência econômica, positiva e normativa, que começou a impor-se nos teus últimos anos de vida, isso a que tu ainda chegaste a chamar “economia vulgar” e que tanto agradou aos liberais de tipo decimonônico.

Karl Marx: Claro, tu e eu ainda fomos clássicos. Depois veio essa caterva vulgar de neoclássicos, incapazes de distinguir qualquer coisa.

Adam Smith: Por exemplo, entre atividades produtivas e improdutivas, entre atividades que geram valor e riqueza tangível e atividades econômicas que se limitam a obter rendas não resultantes de trabalho (rendas derivadas da propriedade de bens imóveis, rendas derivadas dos patrimônios financeiros, rendas resultantes de operações em mercados não-livres, monopólicos ou oligopólicos). Nunca deixou de me impressionar a agudeza com que elaboraste criticamente algumas dessas minhas distinções, por exemplo, nas teorias da mais-valia.

Karl Marx: É evidente. Tu falaste repetidas vezes da necessidade imperiosa de intervir publicamente em favor da atividade econômica produtiva. Isso é o que para ti significava “mercado livre”; nada a ver com o imperativo de paralisia pública dos liberais e dos economistas vulgares, incapazes de distinguir entre atividade econômica geradora de riqueza e atividade parasitária visando ao lucro.

Adam Smith: Em meu mercado livre os lucros das empresas verdadeiramente competitivas e produtivas e os salários dos trabalhadores dessas empresas nem sequer teriam que ser tributados. Em troca, para manter um mercado livre no sentido em que defendo, os governos deveriam matar de impostos os lucros imobiliários, financeiros e todas as rendas monopólicas...

Karl Marx: Quer dizer, a tudo o que, depois de terem dado a mim por morto, e em teu nome, Adam, em teu nome!, se fez com que deixassem de pagar impostos nos últimos 25 anos. Haja saco!

Adam Smith: Haja saco, Carlos! Porque o que eu disse é que uma economia verdadeiramente livre, na medida em que estimulasse a riqueza tangível podia gerar - graças, entre outras coisas, a um tratamento fiscal agressivo do parasitismo rentista e da pseudo-riqueza intangível - amplos recursos públicos que poderiam ser destinados a serviços sociais, à promoção da arte e da ciência básica – que é, como a arte, incompatível com o lucro privado -, a estabelecer uma renda básica universal e incondicional de cidadania, como queria meu conterrâneo Tom Paine, etc. Vês, já, Carlos: eu, que não passei de um modesto republicano whig (1) de meu tempo, agora, se quatro preguiçosos, ainda que ignorantes, professorzinhos não me falseassem, e se lessem com conhecimento histórico de causa, até poderia passar por um perigosíssimo socialista dos teus. E te direi, e há de ficar entre nós, que, considerando o que temos visto, a tua companhia resulta bastante grata a mim...

Karl Marx: Na realidade, todo o teu conhecimento, como o de tantos republicanos atlânticos de tua geração, foi posto a serviço do princípio enunciado pelo grande florentino mal-afamado, a saber: que a liberdade republicana não pode florescer em nenhum povo que consinta com a aparição de magnatas e senhores [gentilhuomini], capazes de desafiar a república. E só assim se vê como a falsificação, em teu caso, é pior que no meu: o “socialismo real” abusou aberrantemente da palavra “socialismo”, dando cabimento ao regozijo de meus inimigos; mas tu nem chegaste a te inteirar sobre o que era esse tal de “liberalismo”!

Adam Smith: Quem não se consola é porque não quer, Carlos. O certo é que o que aconteceu nos últimos 30 anos no mundo vai contra tudo o que tu e eu, como economistas e como filósofos morais, queríamos. Olha esses pobres espanhóis, inventores do termo “liberalismo”. A ti e a mim importava sobretudo a distribuição funcional do produto social (isso a que agora tratam como PIB): pois bem, a proporção da massa salarial em relação ao PIB não parou de baixar, na Espanha, e seguiu baixando inclusive depois que o partido até há muito pouco tempo se dizia marxista voltou a assumir o governo em 2004...

Karl Marx: Sim, sim, um horror...Mas é que quando esses meninos supostamente me abandonaram por ti e passaram a se chamar “social-liberais” no começo dos anos 80, o que fizeram foi uma coisa que também teria te deixado de cabelo em pé. Observa que não só retrocedeu a proporção da massa salarial em relação ao PIB, senão que, na Espanha do pelotazo (2) e do enrichisez-vous (3) de Felipe González, o mesmo que na Argentina da “pizza e do champanhe” de Menem e em quase todo o mundo, os lucros empresariais propriamente ditos também começaram a retroceder também em relação aos rendimentos imobiliários, financeiros e as rendas monopólicas, no PIB...

Adam Smith: Como nos arrebentaram, Carlos!
Karl Marx: Não te desesperes, Adam. A história é caprichosa e, quem sabe seja melhor, agora, que comecem a nos levar a sério. Observa que acabaram de dar o Prêmio Nobel a um menino bem danado, que há anos estuda a competição monopólica e resgata Chamberlain e Keynes, esses caras que ao menos se esforçaram para nos entender, a ti e a mim, nos anos 30 do século XX, e que queriam promover a “eutanásia do rentista”...

Adam Smith: - Eu fui um republicano whig bastante cético, Carlos. Não vivi o movimento dos trabalhadores dos séculos XIX e XX e a epopéia de sua luta pela democracia. Não posso entregar-me tão facilmente ao Princípio Esperança (4) daquele famoso discípulo teu, agora, certamente, quase esquecido.

Tradução: Katarina Peixoto

Notas

(1) O Whig Party era o partido que reunia as tendências liberais no Reino Unido e se contrapunha ao Tory Party, dos conservadores. Whig (ou Whigs) é uma expressão de origem popular que se tornou termo corrente na designação do partido liberal no Reino Unido. Esta corrente contribuiu para a formação do atual Partido Democrata Liberal – Liberal Democrats. Também está presente em algumas vertentes do Partido Trabalhista inglês-Labour Party. É profundamente relacionado ao protestantismo calvinista, na sua forma presbiteriana, das sociedades escocesa inglesa. Tem origem nas forças políticas escocesas e inglesas que lutaram a favor de um regime parlamentar protestante: o Whig Party.O Whig Party foi um dos partidos mais influentes no sistema parlamentar britânico até o fim da Primeira Guerra Mundial, alternando com os Tories na formação do governo britânico. Depois da Primeira Guerra, o partido perdeu importância e foi praticamente substituído pelo partido trabalhista (Labour Party) na alternância do poder político no Reino Unido com os Tories.(http://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Whig_(Reino_Unido) N.deT.

(2) A cultura do pelotazo, na Espanha, refere-se ao enriquecimento rápido e sem esforço.

(3) Expressão atribuída historicamente a uma suposta afirmação do historiador e político francês François Guizot (1787-1874). Num contexto de restauração de forças conservadoras no poder francês, teria Guizot, segundo consta na tradição do anedotário político, expressado seu entendimento da agenda revolucionária de 1789. Consta que, logo após ter assumido a chefia efetiva do governo, por volta de 1840, ele pronunciou: “Esclareçam-se, enriqueçam, melhorem a condição moral e material da nossa França”. Para outros, Guizot disse isto: “Enriqueçam para o trabalho e para a indulgência e serão eleitores”, respondendo aos detratores do voto censitário. A expressão passou então a ser usada como descrição de um comportamento cínico e privatista, como parece ser o caso nesse diálogo. N.deT.

(4) O Princípio Esperança (editado no Brasil pela Contraponto) é o trabalho mais famoso de Ernst Bloch, de 1959. Sobre Bloch, são dignas de reprodução as seguintes considerações de Michael Löwy: “Teólogo da revolução” e filósofo da esperança, amigo de juventude de Lukács e Walter Benjamin, Ernst Bloch designa a si próprio como um pensador romântico revolucionário. Nascido na cidade industrial de Ludwigschafen, sede da IG Farben (Importante Empresa Química), olhava com espanto e admiração a cidade vizinha, Manheim, velho centro cultural e religioso; como dirá mais tarde numa entrevista autobiográfica, esse contraste entre “a aparência feia, despida e sem delicadeza do capitalismo tardio” - símbolo do “caráter-de-estação-de-trens” (Bahnfof-shaftigkeit) de nossa vida moderna e a antiga cidade do outro lado do Reno, símbolo da “mais radiante história medieval” e do “Santo Império Romano Germânico”, deixou uma profunda marca em seu espírito.Leitor entusiasta de Schelling desde a adolescência, aluno do sociólogo neo-romântico (judeu) Georg Simmel, em Berlim, Bloch irá participar durante alguns anos (com Lukács) do Círculo Max Weber de Heidelberg, um dos principais núcleos do romantismo anticapitalista nos meios universitários alemães. Testemunhos da época o descrevem como um “judeu apocalíptico catolicizante”, ou como “um novo filósofo judeu...” que se acreditava, com toda evidência, precursor de um novo Messias./ Por essa época (1910-17), havia uma profunda comunhão espiritual entre Bloch e Lukács, de que é possível acompanhar os vestígios em seus primeiros escritos. Segundo Bloch (na entrevista que me concedeu em 1974), “éramos como vasos comunicantes; a água encontrava-se sempre à mesma altura nas duas colunas”. Foi graças a Lukács que ele se iniciou no universo religioso de Mestre Eckhart, Kierkegaard e Dostoiévski – três fontes decisivas para sua evolução espirital. ”In: Redenção e Utopia: o judaísmo libertário na Europa central (Um estudo de afinidade eletiva)”. Trad. Paulo Neves, São Paulo, SP, Companhia das Letras, 1989, p. 120). N. de T.

Deus Mercado: um voraz destruidor de moedas


Prece que está todo mundo louco.


Quantos trilhões de dólares já foram queimados para "acalmar" o deus mercado e nada adiantou?


Quanta gente vai morrer de fome para alimentar a fome do capitalismo?


Vemos diariamente que os esforços governamentais para tentar sanar a crise, dão em nada.


Mas o que é mais impressionante nisso tudo, é a força feita pelos defensores do capitalismo-neoliberal para justificar o injustificável.

Se você busca entre os articulistas de "direita", uma análise crítica, vê que eles ainda não se deram por vencidos nesta batalha. Continuam culpando o Estado, o comunismo, Marx, entre outras causas.

Este derrame de notas "pintadas", não vai nem fazer cósegas no deus mercado. Sua voracidade (dos capitalistas/especuladores) não tem medida.

O pior (dizem que desgraça pouca é bobagem) que a crise financeira dos mercados, vem acompanhada de uma crise que foge do controle do mercado: a crise ambiental. Esta sim, a pior crise.

No último século, nós (humanos em geral) fomos protagonistas de uma sanha de usurpação e destruição dos recursos naturais e da natureza, respectivamente. Agora, estamos colhendo o que plantamos.

Até onde chegaremos?


Uma incógnita

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Natureza e tragédia: o quê fizemos com aTerra?


A natureza dá tudo ao homem. A vida humana, depende somente da natureza. O conhecimento, a tecnologia e os alimentos, tudo isso depende da natureza.


Mas, o homem e a sociedade, se afastaram da natureza, como se fosse somente para deixar de ser humano, para ser um, quem sabe, semi-deus.


A nossa visão de natureza é de que ela é a eterna mantenedora de nossas necessidades, ilimitada...


Mas na realidade, esta visão egoista, está nos levando a uma fragilidade sem precedentes. Pensamos que a técnica tudo resolve. Mas, ao contrário, a técnica, está é nos levando a um ponto sem retorno, em que a nossa interferência no meio ambiente, está nos levando a enfrentar a sua fúria, querendo tomar de volta o que o homem tirou.


Gaia (ou a Terra), é um ser vivo. E como tal, sente que está em perigo. Desta forma, vai se utilizar de mecanismos para voltar ao equilíbrio.


Nps últimos anos, a força da natureza vem sobrepujando a técnica humana. Catástrofes climáticas e ambientais são uma pequena amostra do que está por vir.


Vimos atônitos e impotentes a tragédia que se abate sobre o vizinho estado de Santa Catrarina.


Inundações, desabricados, mortos e prejuísos incalculáveis devem nos fazer pensar no que estamos fazendo com o Planeta.


A natureza está pedindo socorro. E os homens, parece que não escutam suas lamúrias, é muito triste.